segunda-feira, 31 de março de 2008

Detalhes


Uma vez me disseram a seguinte frase:
"Quem ama o feio, bonito lhe parece."

Fato que acho muito justo.

Quando quero saber se tal pessoa pode ser a tampa da minha panela, sempre tentar imaginar ela nos momentos mais "feiosos" do cotidiano.

Pode ser acordando de manhã, com os olhos inchados e o cabelo despenteado, cantando "Chuva de Prata" do Roupa Nova embaixo do chuveiro, escovando os dentes e parecendo um cão que pegou raiva com toda aquela espuma branca na boca ou até mesmo com os cantos da boca sujos de maionese porque estamos comendo cachorro-quente juntos e todas as pessoas se lambuzam comendo essas delícias gordurosas.

Deve ser um tédio ver a pessoa sempre bonitinha e arrumadinha.
Você pode amar um cara lindo e superficial, do tipo que não vai suportar acordar e te ver acordando como a bruxa da Branca de Neve. Porque a tendência é querer sempre a princesa e não a bruxa, mesmo que as duas vivam dentro da mesma pessoa.

É como ter uma moeda com a mesma face, nunca cara ou coroa.
Tipo amarelinha sem inferno. Somente céu.

Ia ser perfeito, mas um puta saco também.

Eu particularmente, quero ser feia em certos momentos, andar de calça larga de moletom, camisa masculina e cabelo despenteado. Até porque fazer maquiagem demora e falta paciência às vezes. E seria interessante que alguém visse alguma graça nos cravos do nariz e nos fios brancos que aparecem vez ou outra nos meus cabelos.

Ah sim!
E tem um lance de "prazer egoísta" nisso tudo também:
Enquanto todos os outros apenas "vêem" você, somente uma pessoa te "enxerga" de verdade, e saber que uma sarda ou um espinha na nuca, tem lá o seu charme, porque é um detalhe.

D-E-T-A-L-H-E!

Sabe?
Que nem na música do Erasmo:







"Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra esquecer assim..."

domingo, 30 de março de 2008

A fonte da inspiração...




Alguns me perguntam de onde tiro idéias para escrever. Uns gostam, outros não. Falar sobre amor, sobre sexo, filosofar o mundo num “bláblá” circundado de verdades que encaixam em quem lê, nada mais são que palavras bem arranjadas. E as minhas são formadas no tédio. Puro e simples tédio. Não que não tenha nada para fazer, às vezes, muito pelo contrário, tenho até demais e penso que nesses dias até o ato de falar palavrão é um luxo. Mas algo para fazer é diferente de ter querer fazê-lo. Aí opto por escrever. Divagar. E bem devagar. Para longe de tudo o que considero uma extrema porcaria. Mas mentira tem perna curta. E as minhas estão cada vez mais curtas. Realmente estão. E é hora de comunicar a quem lê: Não vivo um amor insano, de cinema. Não faço sexo todos os dias, 3x ao dia. Não estou deprimida por algo ou alguém. Não levei um fora. Nem dei um em alguém. A única coisa que tenho, atualmente, e nas atuais circunstâncias, é o dom de mentir. Minto demais. Porque sinto de menos. É fácil falar sobre o que não se vive, não se sente. Vomitar palavras de um vocabulário engenhoso para convencer. Para iludir. Ilusão é meu negócio. Como um traficante que fornece a droga, sem ser viciado. Um político que entende os fracos e oprimidos, sem nunca ter sido um. Escrevendo linhas e linhas, de sentimentos banais, outros mais profundos. Sem saber ao certo o que são. Meus dedos vão correndo no teclado do computador, jogando no bloco de notas, tudo o que penso na teoria, minha prática é muda. As mãos escrevem sobre aquilo que o corpo e a alma não sentem. Fácil não? Como “alguém que escreve” sou ótima mentirosa. O escritor, os poetas talvez o sejam. Mentes geniais, que sabem comentar sobre algo ou alguém, mas não vivem nada. Tudo é, antes de qualquer coisa, mentiras bonitas. Que talvez o interessem. Ou porque você já viveu o que escrevo, ou porque está tão entediado quanto eu. Então, por favor, não me pergunte o que sinto e o que tenho. Pergunte o que eu não tenho. Joice é fingidora, e finge tão completamente, que chega a fingir que é dor ou amor, a ilusão que deveras sente.