segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um romance ideal ...


- Por quê me abraçar tão forte?

- Porque pensava em você.

- Porque pensar em mim se estou bem aqui do seu lado?

- A maior distância é agora, quando mesmo do meu lado, tento encontrar você.

- Estou entrelaçada nos lençóis.

- É mesmo? Como foi que você se perdeu entre eles?

- Em momento algum eu disse que havia me perdido...Só se perde quem já se encontrou alguma vez. E essa sensação me desconhece.

- Não seria você que desconhece a sensação?

- Não...Ela que desconhece. Sobre ela sei tudo o que há pra saber, ao passo que ela me desconhece por completo.

- Alguém conhece você?

- Os cigarros...As músicas...As verdades e as mentiras.

- Eu não estou incluído? Você é complicada.

- Me descomplique, se isso te agrada.

- Será que eu ainda amaria você?

- Quer descobrir?

- Não...Prefiro o benefício da dúvida.

- Boa noite.


Sono.

E ele estava sempre lá.

Nos cigarros queimados, esperando ele chegar.

Nas músicas que tão bem retratam o jeito dele.

Nas verdades que ele não diz. E nas mentiras que cria tão bem.


Pensava nela. Pense em: "nós"





A fine romance, with no kisses...

A fine romance, my friend this is.

We should be like a couple of hot tomatoes

But you're as cold as yesterday's mashed potatoes

A fine romance, you won't nestle

A fine romance, you won't wrestle

I might as well play bridge

With my old maid aunt I haven't got a chance

This is a fine romance

A fine romance, my good fellow

You take romance, I'll take jello

You're calmer than the seals

In the Arctic Ocean

At least they flap their fins

To express emotion

A fine romance with no quarrels!

With no insults and all morals!

I've never mussed the crease

In your blue serge pants

I never get the chance

This is a fine romance ...

sábado, 26 de abril de 2008

No divã


(...)


Deitada no divã...


- Me conte da sua infância.

- Ao inferno com a minha infância! Quero contar o dia de hoje. HOJE! Entendeu?

- Pois bem, que seja o dia de hoje então.

- Eu estava andando pela rua, pensando em mil formas de se matar uma pessoa, de preferência as maneiras mais dolorosas possíveis, e de repente, vejo uma borboleta: tão bonita, assim, na calçada.

- Sentiu alguma ligação com a borboleta?

- Sim.

- Por quê?

- Eu e ela em agonia. Minha agonia era mental. A borboleta estava com uma asa machucada e não podia voar.

- E você?

- A princípio tive pena.

- E depois?

- Resolvi ajudá-la. Sabia do que ela precisava.

- E o que você fez?


(...)


- Pisei na borboleta, lentamente, despedaçando suas asas e livrando-a da agonia.

- Um tanto cruel, não acha?

- A vida é cruel.

- Ela não tinha como voar mais, mesmo?

- Um pedaço está faltando, energia talvez. Não poderia encarar a vida sem estar completa, o vazio pesa nas asas e impede o vôo.

- Me referia a borboleta...

- Raios! Sou eu que estou no divã! Refira-se à mim!

- Mas foi as asas da borboleta que você despedaçou.

- Não possuo asas e tampouco, alguém pode despedaçar em mim o que já não possuo mais.

- E isso seria?

- O prazer de agonizar sozinha, sem que alguém venha analisar e procurar resolver.

- Você deixou a borboleta sozinha para agonizar?

- Não pude fazê-lo.

- Por quê?

- Sigo o curso natural das coisas. Pessoas são medíocres, preocupam-se com a vida alheia, e destroem oportunidades de escolhas. Mesmo que isso seja, optar por sofrer.

- "Não importa em quantos pedaços seu coração fo quebrado, o mundo não pára para que você o conserte."

- Seus honorários realmente valem a pena? Vejam só. Citando as palavras de outro alguém.

- Teria outra citação melhor?


- Mário Quintana: "O segredo é esmagar as borboletas, esquecer o jardim e deixar que elas não mais voem até você".




(...)




- A frase não é bem assim...

- Realmente. É que eu traduzi ela.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Mimada


Filha única.

Mimada.

O bibelô da família.

Boneca de porcelana.

Rosto gelado, esculpido em gelo. Pernas quentes, desenhadas no fogo. Resolveu pedir permissão pra sair e conhecer um pouco das noites por aí. Não chamou ninguém, só conhecia pessoas sem graça, e queria ser egoísta essa noite, tirar conclusões por si mesma e decidir o que bem entender.


Por uma noite. Nada de motorista particular essa noite.

A gracinha da mamãe irá de metrô. Desce na rua iluminada, e descobre além da gaiola dourada em que foi criada. Uma vida inteira pra ser educada e um segundo pra esquecer de tudo e avançar do nível "anjinho da mamãe" pra "putinha do papai".


Chama a atenção com as roupas infantis e cor de rosa, no meio dos grupos em que todos vestem preto.


Prove do vinho, doçura.



Entre no carro com alguém.

Mas não esqueça de ficar com as pernas bem cruzadas.






Papai e mamãe podem ficar decepcionados com você.












Mama's fallen angel.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Provas de amor...




Para provar do amor.


Como quem saboreia uma fruta e lambe os dedos depois.


Não provar o amor. Como quem faz teste vocacional para descobrir um perfil profissional.


Era algo que fluía com espontaneidade, nos gestos, nas palavras ditas sem querer.


Ou mais: nos olhares que falavam por si só.






Pessoas inseguras precisam constantemente renovar e provar um sentimento.


Os chocolates, as alianças, as tatuagens com o nome da pessoa, as exageradas declarações em público, os ciúmes doentios para quem ama possuir alguém.


Tudo isso deveria estar em prateleiras de supermercado, com a identificação: Provas de amor. Uma vez que, quem sempre precisa provar que ama, que não vive sem a outra pessoa, e acha que com alianças, chocolates e flores, vai conseguir traduzir o que sente, engana à si e ao outro.




A aliança enferruja.


O chocolate acaba.


E as flores murcham.




O inseguro, precisa antes de mais nada, provar à si mesmo que ele realmente ama a pessoa, se auto convencer disto. Por isso coloca nos presentes, seu afeto. E com o tempo, acabam-se os presentes e esse fraco amor. O seguro, procura detalhes, não se preocupa em provar nada. Está ocupado demais sentindo. Canalizando cada percepção e eternizando.




Ok.


Ele esqueceu o aniversário de namoro.


Mas lembrou de beijar sua testa, de manhã, sem esperar nada em troca.


Ela esqueceu o nome do perfume que ele queria de aniversário.


Mas lembra todo dia de acordar e olhar ele dormindo, e ver prazer nisso.




Amor não pede provas.


Apenas reciprocidade.




Fazer dos olhos fechados de alguém, seu maior momento dito em silêncio.




“Don’t buy a rose. Hold me tonight, cause you’re the little thing I need most in my life.”

terça-feira, 15 de abril de 2008

Desejo que você...



Tenha:

Um encontro inusitado.
Uma curiosidade súbita.
Um desejo de conhecer a outra pessoa.
Uma conversa sem sentido.
E um sentido numa conversa.

Desejo que você, procure por alguém que te fascine, afinidades que te façam perder a noção do tempo. Sensações nunca antes conhecidas, frio no estômago.

Desejo que você pegue o seu carro e vá buscar alguém no metrô.
Que ouçam músicas juntos e compartilhem da mesma vontade de querer o outro.
Desejo que você troque sorrisos e indiretas no olhar.
Desejo que seu corpo saiba instantaneamente que aquela pessoa quer você.

Vocês podem comprar uma bebida, uma risada entre amigos.
Desejo que vocês fiquem à sós, e troquem beijos molhados, que seus corpos arrepiem e que o apartamento pareça pequeno perto do tesão extremo.

Desejo que seus corpos se grudem, que suem juntos, que os gemidos se confundam e que o orgasmo seja uma confirmação do que ambos já sabiam: isso é especial.

Desejo que se conheçam todos os dias, que haja ciúmes, não desejo brigas.
Mas desejo que se elas acontecerem, o sentimento novo supere isso.

Desejo que você faça uma loucura.
Que viaje pra outra cidade, atrás de quem você nem conhece.
Desejo que em um carnaval, o quarto do hotel guarde segredo sobre as histórias de vocês.

Desejo que exista saudade.
E que vocês saibam como sentir ela.
Desejo que você tenha paciência em mostrar que a confiança é necessária. Que passado não importa.


Desejo que o ciúme excessivo não interfira.
Que as palavras que ferem, não superem o “eu te amo” .
Que aprender a relevar é importante.
Desejo que a vida seja sempre boa, que as discussões ruins sejam superadas.
Que haja empatia.
Que o orgulho não leva a nada .
Que o amor não pode estar em segundo plano.
E que não espere perder à alguém para aprender o quão valiosa aquela pessoa era para você.

Desejo acima de qualquer coisa, que sentimentos ruins, como o egoísmo, a raiva, e a mágoa não o façam cometer algo sem pensar, algo que não tenha volta, e para o qual não exista desculpa .

Desejo que apesar de todas as dificuldades, a incerteza não te faça buscar em outro alguém a ilusão de que o quê você vive não é real.

Desejo que ambos não provem da traição .
A mentira é um dos maiores males da humanidade.
O amor próprio ferido dói demais.

Desejo que apesar disso tudo, haja renúncia e que o amor não te deixe cego a ponto de você não perceber que quem você ama não será feliz ao seu lado. E que será necessário deixar que se vá .

Desejo que você supere isso, porque não existe volta .
Desejo que o ódio e o medo não te façam envenenado, a ponto de desejar mal à quem te disse amar tão loucamente .

E desejo que você aprenda:
As palavras o vento leva.
As ações o mar as traz de volta.

Desejo de todo o coração, que você, eu e qualquer outro, saibamos amar e deixar sermos amados. E que nenhum de nós jogue isso fora, porque não se pode recuperar.

Me deseje o mesmo em troca?
Seja justo ao menos uma vez.


Certo é desejar à você, apenas: amor.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Amar você é uma droga


- Amar você é uma droga.
- Por quê? Você quer dizer que viciou no meu toque? E que seu corpo sente angústia quando não o tem?

Viciei no seu perfume, preciso aspirar ele todos os dias.
Grande euforia e um prazer de difícil descrição.
Injetei você no meu sangue, você está correndo pelas minhas veias, direto pro sistema nervoso, dominando meus impulsos e minhas ações.

- Mas te dou poder, e tiro seus medos.
- Mas me leva a querer sempre mais, e estou perdendo a noção de tempo e espaço.
- Querendo mais é só me procurar.
- Você tem o que eu quero. E meu vício é o que você precisa.

Os indivíduos que usam ou abusam da cocaína podem ser encontrados em todos os grupos raciais, geográficos e profissionais. Os viciados em amor também.

- O que acontecerá comigo depois de ter você?
- Batimentos cardíacos aumentados.
- Algo mais?
- Vou dominar sua pressão arterial.
- Está ficando tentador.
- Na minha cama, vou aumentar sua temperatura, e quando você atingir o êxtase, suas pupilas vão dilatar benzinho.

Em casos agudos de intoxicação, a estimulação central profunda leva a convulsões e arritmias ventriculares (o coração bate descompassadamente) e com disfunção respiratória que podem levar à morte.

- Em uma noite?
- Sim.
- E se eu te procurar de novo?
- Vou causar distúrbios no seu ritmo cardíaco, talvez até um ataque do coração.
- Estou ficando excitada.

Mencione também as dores no peito, se você me trair.
Dificuldade pra respirar.

- Amor vai ser sempre assim?
- Tudo depende de como você vai me usar.

Injetei você.
Overdose.

Why don't you come right out and say… Baby you can't take another day without me… You know I'm runnin' through your blood…

quarta-feira, 9 de abril de 2008

12 anos


A trança puxada para o lado, ficava tão bem nela.
E o nervosismo nele.

Iriam ao cinema. Deveria cumprimentar ela com um beijo no rosto? Aperto de mãos? Abraço casual? Talvez aquele “oi” despretensioso...
Teria escolhido o filme certo?
Seria simples segurar a mão dela durante a sessão, e quem sabe deslizar o braço pelo ombro delicado, aí ela se viraria, com os olhos castanhos e curiosos, a boca trêmula, e o primeiro beijo aconteceria?
Ou seria mais fácil olhar disfarçadamente, enquanto ela não estivesse vendo, e admirar toda aquela beleza juvenil, os cílios longos, e algumas sardas ao longo do rosto?
Sentir o perfume e rir do medo que ela teima em dizer que não tem quando vê as cenas de suspense do filme?

Tantas perguntas e nenhuma delas parecem ter a possibilidade de serem respondidas ou de capturar o momento. Mas com certeza, a falta de palavras já eternizava por si só aquele dia.
Aquele momento.

Daqui uma semana ela vai virar as costas pra mim.
Daqui a quatro anos, ela vai me dar esperanças, e vai dormir com meu melhor amigo.
Daqui a cinco anos, iremos pra faculdade, formaremos carreiras, e talvez nos encontremos algum dia, frente à frente, um passado todo para trás, achando que era amor, e que algum dia soou como amor, aos nossos ouvidos, as juras de amor, na sessão de cinema, onde éramos um casal de crianças.

Mas não sei como nem por quê.




Preocupar-se com o futuro é apenas mais um dos luxos de hoje em dia.









Temos 12 anos, e ela é o amor da minha vida.



“Year after year, tear after tear…I feel like my heart will break in two. But I need you to know that I can't sleep anymore.”

domingo, 6 de abril de 2008

Aquela música que todos conhecem


Ele dormia.
Totalmente alheio ao olhar atento que não queria perder um segundo daquela visão: o rosto anguloso, másculo e infantil, num extremo fascinante, o desenho bonito da boca, a barba por fazer e a sombra de um sorriso que indicava um corpo e uma mente saciados.

Enquanto ele dorme tranquilo, você fica parada, apoiada no cotovelo, a mão dormente já, o pescoço dolorido por ficar na mesma posição tanto tempo, mas você nem liga. Ignora. O olhar fixo.

No interior você sabe porque está estática, olhando incessantemente pra ele, com receio de piscar os olhos e perder um movimento sequer que ele possa fazer: um meio sorriso, uma ajeitada no travesseiro, um suspiro, ou um nome sussurrado entre os dentes.

Será que está sonhando? Pra onde a mente dele foi? É comigo que você sonha?
Meu sono é inquieto, mas é o medo de perder você que não me deixa fechar os olhos, nem um instante, nem um segundo.

Não quero dormir, porque nem em sonho tenho você por inteiro.
Você ainda nem acordou e eu já estou com saudades.
Vou recostar no seu peito, escutar seu coração bater pra me acalmar, pra sentir seu cheiro, passar as pontas dos dedos no seu rosto, pra gravar os detalhes.

Acorde meu bem. Beije meus olhos e agradeça à Deus por estar comigo, por me sentir. Por favor.

- Você está acordada há muito tempo?
- O suficiente.

(mentira...mas você não pode admitir)

- Sonhava com você.
- Mesmo?
- Sim...sonhei que acreditava em Deus.
- E o que o fato de sonhar com Deus tem a ver comigo?
- Se ele existe mesmo, fez de você o meu milagre.







I don´t wanna close my eyes...
I don´t wanna fall asleep...
´Cause I´d miss you, babe....
And I don´t wanna miss a thing...

O nome da saudade ...




- Sabe, de um modo estranho de explicar, ao mesmo tempo bom e ruim, tenho a nítida sensação de que toda parte que você beija ou faz carinho, você toma para você. - Como assim? - Onde você toca, beija, passa a ser seu. Como se ninguém mais pudesse fazer isso. E não consigo evitar, cada vez mais você faz isso, sem permissão. - Onde eu beijo passa a ser meu? - Sim. - Vira. - O quê? Vai me beijar toda é? E como quem não quer nada, de levinho, beijou o lugar onde está o coração. Feelings are intense, words are trivial.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Aquarela



E pelas costas nuas, perfeitas de tão brancas, ele desce a língua.
Quente, úmida e gulosa.
Devora todos os cantos, centímetros, milímetros daquele corpo.
Decora os detalhes, as curvas e os contornos, o modo como se move sobre a cama, languidamente, retorcendo-se numa agonia muda.

Como mexe o quadril, como usa as mãos...os dedos pelo corpo, entrando onde quer sem pedir permissão nenhuma.
O olhar vago, enevoado que não enxerga nada além do objeto do desejo à sua frente.

A boca molhada, inchada pelos beijos ininterruptos, que sugavam todo o tesão, como uma corrente elétrica, um arrepio em resposta à sacanagem,
um gemido abafado, e palavras de um vocabulário sujo, ditas ao pé do ouvido.

Puxões de cabelo, arranhões, roxos pelo corpo, como se fosse uma brincadeira de ligar os pontos.







Mas faltava alguma coisa.
Só havia uma pessoa naquela tela.









Era uma pintura vazia, assim como sua espera.

Um pintor apaixonado pela sua tela, por sua beldade inacabada, pincelada em aquarela, cheia de movimento e ausente do mundo em que ele se encontrava todos os dias:




O da ilusão.

Olho para a chuva que não quer cessar...



Chovia copiosamente naquela tarde.
Chorava copiosamente também aquela garota.


Que insiste em lembrar do que já passou, vive mais de passado do que de presente, futuro então, nem sabe o que é isso.
Lembra de casos passados, vive os medos passados, e nunca exorciza o que de ruim eles trazem consigo.

Usava água benta, alho, pé de coelho, trevo de quatro folhas.
Precisava de sorte, de um milagre, de proteção.
E acima de tudo: precisava do medo.


Sem esse não vivia mais.
Era mais fácil. Ter medo do que ter coragem.
O antônimo negativo era sempre a opção mais agradável.

Medo de se relacionar.
Envolver-se.
Doar a si mesma.
Dar o melhor e esperar o melhor em troca.

De amar, se deixar amar.







E ver nos outros aquilo que não havia mais nela:
Humanidade.







Tire as roupas pra secar, se essa chuva não parar...O que se vai fazer agora?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Despedidas

Adoro viajar.
De fato, é uma das minhas paixões. Conhecer lugares, e principalmente pessoas.
Mas como toda boa viajante, sempre tenho que voltar.

Aí vem as despedidas.
Os agradecimentos, os abraços, os beijos e as famosas frases:
"Volta logo!!"

Subo no ônibus e faço todo aquele trajeto da volta, relembrando em detalhes, o que aconteceu naquela viagem: o que fiz, quem eu conheci, e principalmente: quem estará novamente comigo na próxima despedida?

Estranha não é?
Mas realmente, penso sobre isso.
As pessoas que festejam com você, que na hora da farra estão sempre lá, não são necessariamente, aquelas pessoas que se dão ao trabalho de se despedirem de você.

Que dão aquele abraço que diz: "espero que você não demore para voltar"

Acabo por pensar, que as despedidas e as pessoas presentes nelas, representam fases da vida. Como dizem por aí: "Nem sempre terminaremos ao lado das mesmas pessoas."

Creio que seja assim mesmo.
Porquê na correria do dia-a-dia, conheço pessoas novas, criando novas histórias...

E ao final da viagem, as pessoas da despedida passada, não estão mais lá.
Realmente aquele "adeus" foi certo.

Me despeço de novos rostos, com um certo medo de vir embora, e na próxima vez, novamente na despedida, sejam ainda rostos novos. Sem nada nem ninguém que seja permanente.

Gosto bastante de rodoviárias.
Até porquê, gostar de aeroporto não convém no momento, já que as passagens continuam caras para mim.

Mas gosto mesmo de chegar e encontrar pessoas queridas.
E voltar, e me despedir das mesmas pessoas queridas.

Se mudarem demais, e não forem permanentes, meu coração se confunde e fica medroso. Daí nunca mais se entrega e nem confia. Já que no final, nunca está como deixei. Há sempre um rosto diferente.

Uma fase diferente na vida.
Quem está hoje com você, amanhã pode não ter mais tempo de te dar adeus na rodoviária.






Tente deixar um pouco de você em mim, e leve também um pouco de mim com você.
Ou deixe e leve muito.







Para que não passe o nosso tempo, e a gente não comece a cantarolar por aí:





E por falar em saudade onde anda você...Onde andam seus olhos que a gente não vê?

Bruxas&Princesas

As duas sempre presentes na mesma história.
Mas devo confessar, gostar sempre muito mais da bruxa do que da princesa. Ou do vilão.
A Bela e a Fera sempre foi um dos meus desenhos preferidos. Adorava a Fera. O lado dócil escondido pelo jeito defensivo animal, me fascinava. Acho que era mais a idéia do contraste, dos extremos que podem viver dentro da mesma pessoa.

Mas me deixem explicar sobre a minha clara preferência pelas bruxas.
Elas cobram um preço por tudo.
Oferecem algo e cobram por aquilo. E as princesas pagam por isso. Porque, diferente das bruxas, as princesas se deixam levar pelas promessas e perdem a noção do preço que é preciso pagar para obter o que se quer.

A Pequena Sereia, deu a voz para a Bruxa do Mar, em troca de “virar humana para viver com o príncipe”. Branca de Neve foi enganada por uma maçã. A Bela Adormecida, o dedo no fuso de uma roca. Rapunzel e suas tranças de mel, Cinderela a adorável dona-de-casa dos contos e tantas outras.

Na vida real, também é assim.
A Bruxa gozando de sua esperteza em saber tirar proveito dos outros, e a princesa pagando suas dívidas por ser tola.

Pequena Sereia está muda e trabalha vendendo peixes no mercado municipal. O príncipe se casou com a Bruxa do Mar, porque ela tinha a bela voz da sereia e ele podia conversar sobre tudo com ela.
Branca de Neve é prostituta na Augusta e tem uma maçã tatuada no braço. O príncipe passou a produzir filmes pornô com os anões.
Bela Adormecida está em coma, dormindo para sempre. O príncipe tá na pista pra negócio.
Rapunzel teve piolho nas tranças. O príncipe virou cabeleireiro.
Cinderela é empregada doméstica e cuida dos 12 filhos do príncipe.

E as bruxas estão aí. Viajam para a Europa nas férias, dirigem bons carros, salão de beleza toda semana. Já pegaram todos os príncipes. E fazem uso da frase: “Garotas boas vão para o céu, e as más vão para qualquer lugar”.



“Você que é tão feliz, não vai ser mais, se quiser existe um pagamento, vamos lá, tome conta, assine o documento.”

Às 7 horas da manhã do dia errado...



17 anos.

Colegial.
Com direito a meia ¾ branca...Sapatinho boneca, saia xadrez plissada, blusa branca e gravata. Confusa em meio aos livros, deveres de casa, brigas constantes com os pais, noite do pijama com as amigas e amassos com o capitão do time de futebol da escola.

Entediada.
Praticamente virgem. A não ser pelo detalhe de não ter centímetro do corpo macio que os garotos já não tenham passado as mãos no banco de trás do carro.
Tudo bem. Virgindade é estado de espírito.

Já tomou um porre de alguma vodka vagabunda, falou o que não devia apenas pra impressionar, toda semana ama um cara diferente, beija as amigas, escuta “My Chemical Romance” com mais freqüência do que deveria, e pinta as unhas roídas de vermelho.

Fuma L.A de cereja, usa calcinhas rendadas e transparentes as quais ela adora mostrar quando levanta a saia pra algum garoto só pelo prazer de mostrar o que ele precisa mas não dar o que ele quer realmente.

Aprendeu a mentir desde cedo, sedução é um passatempo e magoar os outros se tornou prazeroso demais. Sempre foi curiosa demais, experimentou maconha com a melhor amiga atrás do pátio da escola, e logo vai partir pra algo mais forte e interessante.

Ela quer ser descolada.
Não sabe o que fazer de faculdade, mas quer morar sozinha com as amigas e fazer festas sexuais todo fim de semana. Um namorado por semana, uma namorada de vez em quando, pra não cair na rotina, um perfil voyer: gosta de ver homens beijando outros homens e meninas beijando meninas. Tudo faz parte da confusão da adolescência. Ou pelo menos essa é a justificativa dela pra sua única certeza:




Bonitinha...





Mas ORDINÁRIA!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ela não é do tipo em quem se possa confiar...



Nem um pouco.

Quando parava para refletir sobre si mesma, tentava se enquadrar em algum padrão.
Tarefa difícil. Não se encaixava em nenhum.

Seria tão mais fácil ser um tipo somente.
Certinha e honesta. Perfeccionista e responsável. Bonitinha e ordinária. Bondosa e sincera. Maliciosa e mentirosa.

Mas não. Que inferno!
Tinha que ser todos os tipos. Em uma pessoa só. Como fases da lua. Estações do ano. Moda. Isso. Uma garota de tendências. Para todos os estilos, gostos e desgostos.

Clássica e urbana. Casual. Arrojada.

Tinha as qualidades da mulher moderna.
Trabalhava, estudava e gostava de sexo.
Bebia e fumava ocasionalmente. Tinha vários amigos. E gostos estranhos.

Variava de humor de uma hora para outra.
Do nada, como quem usa cinta liga por baixo de vestido recatado.

Ninguém sabia o que esperar dela. Sabiam somente, que valeria esperar. Porque ela superava expectativas. Era por si mesma, uma expectativa. Daquelas que dão frio na barriga e arrepio na nuca.

Uma pena gostar tanto da palavra liberdade.
Podia se prender de tempos e tempos, mas isso nunca durava.
Renova-se constantemente em busca de novas experiências, e durante o processo, acumulava mágoas de pessoas, que diferentes dela, queriam compromisso.
Desejam a realização do “amar e ser amado”.

Ela só queria ser amada. Muito. Com loucura. Queria também curtir com os amigos, piscar os olhos e sorrir sem compromisso para quem despertasse sua atenção. Sem isso se sentia triste e era como se não vivesse sua própria vida. Aliás, sem isso não vivia. Apenas existia. Esse tipo de garota não pode apenas existir. Precisa marcar.






Mas não se engane. Ela não é um tipo sofisticado de vagabunda.







Apenas não nasceu para ser apresentada para a sua mãe.

Dar&Fazer Amor

“Dar” é um termo vulgar. Você não dá nada. “Fazer amor” é incoerente. Uma vez que amor não se faz. A gente sente.

Particularmente, eu usaria o termo: “trocar prazer mutuamente por um breve espaço de tempo, entre quatro paredes, valendo tudo.” Mas seria muito longo. Porém, o significado, creio que deu para entender.

Queria mesmo era comentar sobre o ato em si.
Da diferença entre um e outro. “Dar” é aquela coisa louca, cheia de sacanagem e dirty little words.
Aquele tesão concentrado na expectativa do finalmente. O durante nem se fala. A putaria na vida.

“Fazer amor” também.
O antes e o durante é igual. Mesmo que você ame, não vai dispensar umas puxadas de cabelo, mordidas no pescoço e sacanagem dita ao pé do ouvido.

A diferença se encontra no “Gran Finalle”.
No depois.

O homem que “dá” (com muitas aspas, por favor), veste as calças, não deixa o telefone e vai embora. Chega em casa, liga a TV, abre uma cerveja e vê futebol. Ou , nas atuais novidades da tecnologia e evolução, entra no MSN, conta tudo para os amigos e depois posta no fotolog.

A mulher que “dá” (preciso falar das aspas?), toma um banho, ajeita a calcinha, às vezes quer trocar telefone ou por educação ou por futuras intenções românticas (oiqueromesentiramadaesegurameliga?), e ai embora. Também chega em casa, se sente moderna e casual, mas depois, num acesso de culpa e DPT (depressão pós-trepada), liga para a melhor amiga (ou fala com ela por MSN) e desabafa: “Eu dei, e agora?”
Nas piores hipóteses, use hipoglós, meu amor.

O homem que “faz amor” (malditas aspas), fica embaixo do edredon, ou sugere um banho à dois, pergunta se foi bom, e aconchega ela no peito.

A mulher que “faz amor” (você ainda por aqui aspas?), se sente segura e bem amada, por si mesma e pelo outro, se preocupa em ter agradado, e quando ele adormecer, vai descobrir prazer em ver ele dormir.

Ou seja, meu bem: Enquanto uns valorizam, outros apenas banalizam.
“Dando” ou “fazendo amor”, às vezes penso que só o que importa é estar bem. Até porque, as pessoas já são tão tolas, que ao menos nisso, valeria a pena SER humano.

“Give me a lifetime of promises and a world of dreams, speak a language of love like you know what it means.”

terça-feira, 1 de abril de 2008

Amendoim de chocolate..KISS e os 90%


Perto da hora do almoço, sem nada mais para fazer, e entre calorias que ganho comendo amendoins de chocolate, e brisas que me acometem escutando KISS, pensei em chamar a inspiração e pedir ajuda para comentar sobre aleatoridades.

Como por exemplo:
Os 95%.
Que correspondem, [b] ao meu ver [/b], ao sexo em uma relação.
Exagero? Perfil ninfomaníaco?
Pode ser. Chame Freud e me condene.

Mas antes, meu álibi.
Confiança, companheirismo, amizade, fidelidade e afins, são importantes. Sim, claro.
Mas correspondem à míseros 5% para um total de 100%.

Se o sexo é bom, você confia no seu parceiro, porque sabe que ele não vai buscar outra, já que o que em com você é fora de série.
Existe companheirismo no café da manhã, depois de uma boa dose de sexo.
Vocês são amigos adeptos do A . T. T – Amigos Também Transam.
E fiéis, porque não existem páreos.

De modo algum, quero dizer que só o sexo que conta, mas ressalto que quando ele é bom, completa os outros. Até porque ninguém vive somente dentro do quarto; tem a cozinha também, o banheiro, a sala de estar, o hall de entrada...

Mas a questão é que, se no quarto, o clima é bom, e o “feng shui” do casal tá combinando, os outros cômodos refletem isso.

Por ter preferência por algo mais insano, isso talvez tenha afetado meu juízo e minhas noções de porcentagem amorosa.
Porém, contudo, entretanto, todavia, você não conquista alguém somente com sexo. Mas depois de um bom orgasmo, corpo e mente relaxados, você se insinua na vida daquela pessoa, e oferece outras coisas positivas também. Se não der certo, tudo bem, ao menos você gozou.

Crê mesmo que ‘Forever’ do KISS, ‘Is This Love’ do Whitesnake ou ‘Love Of My Life’ do Queen, foram escritas por alguém que SÓ tinha amor e fofura?

Para começar, imagine viver “forever” sem sexo.
Para completar, realize não fazer sexo e dizer que “is this love” sem provar do que é bom?
E para terminar, visualize o “love of my life” que não te completa na cama.

Encontrar os 95% e incluir mais 5% é uma matemática interessante.



Assim como não se vive somente com 95%, [b] muito menos [/b] com somente 5%.
Estatiscamente falando, há quem se contente com pouco.
Realmente falando, há quem busque em outra pessoa o restante que faltar para completar sua cota amorosa.




Bem.
Acabou meu amendoim de chocolate, meu ‘blabla’ se foi, e o KISS ainda rola no dvd.
Vai começar Lick It Up.

Miojo pra que te quero?


Instantâneo.
Essa palavra está para os dias atuais, como paz e amor estavam para a década de 70.
Ou seja. Absolutamente define uma era, uma geração, uma moda ruim qualquer.
Não que antigamente, não houvesse isso, mas talvez hoje esteja mais intensificado do que nunca.

Afinal, não temos tempo pra muita coisa e precisamos de praticidade.
Comidas congeladas, eletrodomésticos, equipamentos, tudo voltado a atender as necessidades do mercado (desculpem por essa expressão, é culpa da faculdade de marketing fazendo efeito na criatividade) e das pessoas cada vez mais acomodadas e preguiçosas.

Não vou dizer que também já não aderi diversas vezes a esse processo de: “quem não tem cã, caça com gato” e me conformei com algo simples e insípido, à algo duradouro e verdadeiro. É o prazer da mentira bem vivida. Até a bichinha do Cazuza sabia desse fato irrefutável: “o teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer”.

A pressa em viver e possuir as coisas, muitas vezes impede a possibilidade de viver algo com maior qualidade. É, a vovó tava certa quando disse que a pressa era inimiga da perfeição.

Mas se você souber encontrar algo de valor em meio aos amores, amizades e relacionamentos rápidos, talvez possa comprovar que toda regra tem uma exceção (é, eu sei! Mencionei ditos populares demais nesse texto) e que ainda possa existir qualidade e sinceridade no momento instantâneo em que estamos vivendo.

Essa puta bagunça de “eu sou de todo mundo, todo mundo é meu também e somos hipocritamente felizes nos contentando com pouco”.

Mas tomara que isso aconteça antes de:

- Amor, você vai querer pro jantar de hoje, um: “eu te amo s2” ou vai preferir um miojo?
- Tanto faz benzinho. Ambos ficam prontos em 3 minutos mesmo.








ODEIO miojo.
Mas como com mais freqüência do que deveria.