quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tragédia Grega


Voltando de outra sessão de cinema, na qual fui comigo mesma e um balde de pipoca doce, descubro mais um dos segredos da humanidade moderna: O grande vilão dos dias de hoje, são os filmes de romance/comédia romântica. Definitivamente é isso, só poder ser. Tem que ser!
Pra começar...
Ela: linda, corpão, sem celulite ou rugas, divertida e jamais de TPM (ou se tiver, será perfeitamente compreensível pelo mocinho) e o melhor; assim como a Barbie já vem maquiada e de sorriso Colgate.
Ele: lindo, corpão, rico (afinal, quem amaria à um pobre, neste mundo cheio de impostos?) compreensivo, divertido e romântico como nunca se viu.
Pra terminar...
E é claro, estas duas distintas espécies vão se encontrar, ali, na esquina, no café. Porque obviamente o perfeito atrai o perfeito e irão procriar outros perfeitos seres, com cabelo bom e pele limpa. Básico, rápido, simples e indolor. Tipo depilação com cera quente né?
E uma sirena soa: “errado”. Sem sombra de dúvidas, errado.
O que há de errado, e ao mesmo tempo certo, nestes filmes hollywodianos (além do botox da Sharon Stone) é que as pessoas não são reais, elas interpretam papéis. Insípidos papéis que, aos olhos do solteiro, atrapalham na distinção do que é real e plausível e do que é pretensioso e impossível.
Na vida real, podemos usar o sutiã mais bonito e caro que pudermos encontrar, ele nunca será reparado quando formos para o motel com aquele babaca da balada. É só mais uma peça bonita, pra enfeitar o chão do quarto. Quarto este, que tem um valor pela hora! E você ainda vai ter que ficar olhando pra si mesma pelo espelho redondo do teto, de pernas abertas com cara de tédio, procurando o cigarro. Você não foi Ingrid Bergmann e ele tampouco, Humphrey Bogart. Foi Tila Tequila e Big Dick, em Hotel Room Service, cena 4, tomada 2.
E temos que nos satisfazer com isso, já que noite após noite, todo fim de semana, quando não tem nada melhor pra se fazer, é nesse número da agenda do celular que você cai. E disca sem dó, porque está se convencendo ao poucos, que de longe, você lembra um pouco alguma atriz pornô. Vivemos todos em um grande filme pornô mal dirigido, por um punheteiro qualquer, sem nome nem sobrenome.
Há uma certa tristeza em ver como as pessoas perdem a habilidade de jogar e interpretar papéis, criar fantasias e mascarar essa realidade patética na qual vivemos. Ou ao menos, na qual eu vivo, não posso falar sobre você.
O ponto é que, quero morangos e champanhe.










E por favor! Elogie a droga do sutiã preto rendado!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Jogos



- Posso te ligar hoje, ou daqui uns meses.
- Por quê?
- Porque você me tem fácil demais.
- E você quer fazer joguinhos?
- Claro, não gosta?
- Gosto até demais, mas quando eu sou o gato.
- Não consegue ser perseguida?
- Predadores não podem ser presos.
- Você seria saborosa em todos os papéis.
- Sob o seu ponto de vista até pode ser.
- E sob o seu ponto de vista?
- Acho que você fala demais.
- Prefere ações?
- Você não sabe agir do modo que gosto.
- E por quê você ainda fala comigo?
- Gosto do seu físico.

(...)

- Escute, que é que você diria se eu lhe dissesse que estou apaixonado?
- Diria que você não sabe na encrenca em que está se metendo.
- A paixão me deixou cego.
- Você enxerga bem, tanto é que não tira os olhos das minhas pernas.
- Você é tão narcisista.
- Obrigada.
- E só olho pras suas pernas ao final de cada capítulo.
- Este livro tem capítulos extremamente curtos.
- Que é que você quer que eu faça?
- Admita.
- Isso é fácil. Estou apaixonado. Quem não admite é você.
- Você admitindo já está bom.
- Você é uma cretina.
- E você está excitado. Qual de nós dois será o pior?
- Você com certeza.

(...)

- Beijo de despedida?
- Assim, como namoro de portão?
(...)

Um beijo longo, lento, daqueles que você lembra de todos os detalhes.
Principalmente dela agarrando a manga da sua jaqueta.
















Não seu braço.
Mas a manga da jaqueta.