sábado, 25 de setembro de 2010

Areias do tempo


Acho engraçado quando minhas amigas se apaixonam à cada semana por um cara diferente.
É como se toda vez a esperança que havia sido perdida na semana anterior, digo, no relacionamento anterior, fosse renovada e elas já estavam prontas para outra. Secretamente as invejo. De uma forma não prejudicial, claro, mas as admiro imensamente por essa capacidade, essa cicatrização amorosa rápida.
Eu por outro lado,ainda tenho algumas marcas, e cicatrizes que ainda não fecharam. Nem com todos os pontos, aos quais já me submeti. Antibióticos, anti-tetânica, deprê com chocolate...nada. Nem brigadeiro na panela ajudou nisso.
Havia concluído então que eu era do tipo que não se apaixonava fácil.
Que para me conquistar demorava muito, que eu não me apegava facilmente. E tenho repetido isto para mim mesma, desde então. Acredito que todo este tempo tenho me enganado por não me apaixonar toda semana por uma pessoa diferente, como a maioria de minha amigas. Eu me sentia excluída do mundo das volúveis, que penso, se divertem muito mais, já que sofrem muito menos.
Uma vez, na tentativa de tentar consolar uma destas amigas, desiludida do amor pela 4ª vez naquela semana, foi que ouvi a seguinte frase: “você fala isso porque não sabe o que é amor, não se apaixona”.
Pensando nisso, sempre fico pensando naquilo que ouço e que me magoa, me peguei lembrando de minhas paixões. Do jardim de infância, do ginásio, do colegial, da faculdade...
E descobri que não sou diferente: me apaixonava facilmente sim.
Mas a diferença entre uma paixão e outra, é tempo que se leva para esquecer.
Esquecer um sorriso.
Esquecer um olhar.
Esquecer um abraço ou um beijo.
Esquecer um ser humano.
Esquecer uma qualidade que te surpreende. Esquecer um defeito irritante.
Todos se apaixonam facilmente. Todos os dias.
O problema é que alguns levam dias, semanas para esquecer.
Outros levavam anos, e nunca esqueciam por completo.
Fiquei feliz ao constatar isto. Feliz por me sentir incluída no círculo vicioso da paixão. E triste ao mesmo tempo, por saber que acalento minhas paixões durante muito tempo.
Enfim: quem pode dizer o tempo certo para esquecer? Ou para amar?
Mas, ainda me restava uma pergunta que não queria calar:
E para o sofrimento, qual a dose certa?

Tudo que eu sabia até agora, é que era opcional.
Por uma semana, um mês, era normal.
E anos? Opção própria.
Seria eu uma masoquista? Me “auto flagelava” com sofrimento?
Levo tanto tempo para esquecer...





Não.
Levo tempo para me permitir amar novamente como amei um dia.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Para Casar x Para Causar


Garotas boas vão para o céu...
E as más, vão para qualquer lugar.
Verdade ou mentira hã?
Garotinhas boas vão para o cinema, para o jantar, recebem flores, chocolates, promessas que serão cumpridas, são apresentadas para a futura sogra, e aparecem na coluna social do jornal de domingo.
Garotinhas más, se vão para o cinema é porque o lugar é escuro o suficiente para uns amassos, se saem para jantar é porque logo depois tem motel, caso recebam flores é para garantir uma segunda dose, só comem chocolate pra esquecer de mais uma decepção, se houverem promessas, essas serão feitas sob falso juramento com segundas intenções, e bem, não são exatamente o tipo que tem sogras. Coluna social então? Jamais. Não lê jornal, acessa o Terra todo dia de manhã somente.
Garotinhas boas, saem aos montes, todas de saia de cintura alta, blusinha branca, e louboutin. Safada comportada é a nova moda.
Garotinhas más, saem sozinhas se preciso, de jeans ou legging, camiseta larguinha e bota sem salto. Não segue moda, a não ser a sua.
As boas, sabem sorrir com doçura, falar mansamente, e fazer charme, se dizendo difícil apenas para não dar o braço à torcer para a sua vontade. Causam boa impressão.
As más, sorriem com vontade e malícia, falam, gritam, brigam por suas razões, e não são difíceis quando o assunto é satisfazer ao desejo delas. E a primeira impressão que você tem delas, é de total espanto.
As boas são aquelas garotas escolhidas para serem presidentes de turma, para ter suas camisetas assinadas por toda a sala no último dia de aula, para andar de mãos dadas pelo passeio da escola, para apresentar aos amigos no churrasco da empresa, e para dizer aos pais: “é ela”.
As más, são aquelas garotas que na escola passaram despercebidas, alheia em seus pensamentos, não gostavam de participar de votação nenhuma, sempre com fones no ouvido, porque ouvir música era melhor do que ouvir às pessoas, suas camisetas só eram assinadas pelas duas ou três únicas amigas que tinha, nunca namorou no colégio, nas festas da empresa é admirada por muitos e possuída por nenhum, e por fim, você jamais dirá aos seu pais sobre ela, pelas mesmas razões pelas quais não falamos sobre religião e futebol. Não há o que discutir sobre a mulher tida como “má”.
Sobre as “boas” sim, há como encontrarmos um jeito de defini-las: falsas por conveniência.
Provavelmente em 10 anos, ela irá trair o marido com o melhor amigo ou o sócio da empresa, mãe descuidada e relapsa com os filhos, secretamente bebe uma taça ou duas nos intervalos do jantar, viciada em remédios para insônia bem como em produtos para beleza, pois a aparência sempre será aquilo que de mais valor as boas pessoas prezam, pois é assim que enganam os demais, é no que é visível aos olhos, que os detalhes passam despercebidos e o caráter não é julgado.
Em 10 anos, as más estarão atingindo cargos cobiçados na carreira, orgasmos aos finais de semana, mimos às quartas-feiras, sem problemas com bebida, já que depois de tantos porres aprendeu a se controlar, viciada apenas na boa vida, e pouco se importa com Renew ou Chronos, pois sua pele é bem tratada pelos anos, pois ela se aceita como é e sempre foi:

Alguém que diz a verdade, e se faz verdadeira.
Pagou os preços por essa opção, pois descobriu ao longo dos anos, que em alguns casos não é você quem não está preparada para as pessoas á sua volta, e sim elas que jamais estarão preparadas para você e por isso te magoam dia após dia, esperando que você faça parte do grupo liderado pela maioria, que segue à risca:
















“A maldade está para a bondade assim com a verdade está para a dor: machuca e por essas e outras, constantemente, mentimos.”