quarta-feira, 9 de abril de 2008

12 anos


A trança puxada para o lado, ficava tão bem nela.
E o nervosismo nele.

Iriam ao cinema. Deveria cumprimentar ela com um beijo no rosto? Aperto de mãos? Abraço casual? Talvez aquele “oi” despretensioso...
Teria escolhido o filme certo?
Seria simples segurar a mão dela durante a sessão, e quem sabe deslizar o braço pelo ombro delicado, aí ela se viraria, com os olhos castanhos e curiosos, a boca trêmula, e o primeiro beijo aconteceria?
Ou seria mais fácil olhar disfarçadamente, enquanto ela não estivesse vendo, e admirar toda aquela beleza juvenil, os cílios longos, e algumas sardas ao longo do rosto?
Sentir o perfume e rir do medo que ela teima em dizer que não tem quando vê as cenas de suspense do filme?

Tantas perguntas e nenhuma delas parecem ter a possibilidade de serem respondidas ou de capturar o momento. Mas com certeza, a falta de palavras já eternizava por si só aquele dia.
Aquele momento.

Daqui uma semana ela vai virar as costas pra mim.
Daqui a quatro anos, ela vai me dar esperanças, e vai dormir com meu melhor amigo.
Daqui a cinco anos, iremos pra faculdade, formaremos carreiras, e talvez nos encontremos algum dia, frente à frente, um passado todo para trás, achando que era amor, e que algum dia soou como amor, aos nossos ouvidos, as juras de amor, na sessão de cinema, onde éramos um casal de crianças.

Mas não sei como nem por quê.




Preocupar-se com o futuro é apenas mais um dos luxos de hoje em dia.









Temos 12 anos, e ela é o amor da minha vida.



“Year after year, tear after tear…I feel like my heart will break in two. But I need you to know that I can't sleep anymore.”

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