Era um dia de reunião em família.
Aqueles dias em que você já está de ressaca, sem ao menos ter tomado uma única gota de álcool. A cabeça já estava latejando, a irritação já estava pendendo para os lados da ironia e o bom humor, ameaçava ficar negro.
Cada um que chegava, era um beijo no rosto.
Um abraço.
E uma intromissão velada.
O assunto à mesa era sempre o mesmo:
Namorados, estudos, trabalho...
Primeiro “round”.
Não namorava. Mas sozinha nunca estava.
Estudar era sempre opcional. Nem caderno usava na faculdade.
Trabalho...Bem, a única coisa que realmente importava era que no final do mês teria dinheiro.
E como explicar, que gostava de ser solteira, casar não estava em seus planos, e crianças com o nariz escorrendo não lhe fascinavam?
Como explicar que, embora não anotasse nada na faculdade, aprendia muito e passava sempre direto?
E que trabalho tinha apenas um propósito: dinheiro.
De cara, já era considerada sem moral, sem interesse e meramente capitalista.
E de fato era.
Não queria a moral que a família tinha.
Não queria o interesse em relação a vida que eles tinham.
E muito menos, queria se contentar com pouco como eles o faziam.
Queria bebida, diversão e arte.
Casar, reproduzir e deixar de lado desejos, não fazia seu tipo.
Iria além.
Alguns se contentavam em olhar para a frente e ver um horizonte.
Outros, tinham que descobrir o que vinha depois do horizonte.
Dizem que a fruta não cai muito longe da árvore.
E se a árvore estiver no topo de uma montanha?
O fruto vai rolar, e cair lá embaixo.
E estará sempre, distante.
“Estar sozinho no meio da multidão, é uma forma inconsciente de buscar algo que valha a pena.”
Um comentário:
Adorei esse em particular. Cara, tem vezes que acho que estou me lendo... hahaha!
Você tem indagações da vida muito semelhantes as minhas... Um dia gostaria muito de conversar bastante com você sobre esse texto. Claro, se você quiser tb :)
Se cuida!
Fabio
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