quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Razões e Motivos


Esses dias, dias desses, quando a balada já vai esvaziando, os casais vão saindo, e seus pés começam a doer no salto fino, você vai pro banheiro, senta e observa, quem entra, quem sai...


E vai viajando nos recantos da sua própria mente deturpada pelo alcoól, já que ele entra, e o "nojo" pelas pessoas sai. Combustão pós-balada.

Mais ou menos isso.

E você relembra, compara os atuais 21 com os (não tão) saudosos (assim) 16.

E constata que sua vida (e quem sabe a das outras pessoas também, já que precisamos de conexões) se divide em duas fases: a época em que tudo que você precisa é de uma razão, e o tempo do motivo.


Doce 16 anos.Você quer mais é provar que pode e sabe tudo, topa todos os desafios, é como um punhado de pólvora, que só precisa de fogo pra explodir e causar estrago, onde tudo que se precisa é de um motivo : pra sair, pra curtir, pra beber, beijar na boca e ter ressaca no dia seguinte e resumir os finais de semana em "babados da hora".


Uma pena, chegar os 17, 18 (quando vodka vira água), 19 (quando cerveja é refrigerante), 20 (quando você experimenta tequila, porque precisa de algo mais forte) e finalmente, o status quo: os 21.

Quando você entra em todas as baladas. Compra qualquer bebida ou cigarro. Ou drogas.

Já experimentou o sexo, e desconexo, e sem nexo.


Aí meu bem, você precisa de uma razão : pra ir até aquela balada, pra vestir aquele vestido curto, fazer a maquiagem, troca a vodka barata, pelo uísque mais caro, seleciona até as bocas que beija (e o telefone que antes você dava pra todos, hoje, você alega não ter) e as poucas risadas que dá.


É na fase da razão, que somos os mais sozinhos do mundo, que relembramos das músicas que escutávamos, das bobagens ditas, e o albúm de fotos antigas nunca teve as páginas tão manuseadas. Porque não é nem saudade o que você sente. É uma tremenda sensação de...perda.



Acima dos amigos, dos paqueras e dos porres que você perdeu, o principal foi ter perdido à si mesmo, o vazio começa a apertar, a garganta aperta, e já deu 6 horas da manhã, e você sai do banheiro, procura sua amiga pra irem embora, e entre todo o caminho que faz de volta até sua casa, só tem um caminho que por mais que se tente (e tentamos!) não se pode voltar atrás:



Quem você foi.


Beneficamente ou não, mudar é preciso.

Mais do que isso!

Inevitável...














E a música do Lulu Santos vira tema: Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pelos próximos 100 anos...


As cartas que você nunca vai enviar para alguém são sempre as melhores que você escreveu.

Porque não merecem serem lidas.

As palavras que você nunca disse quando teve tempo são sempre as mais profundas e loucas que você adoraria gritar aos quatro ventos.

Porque não merecem serem ouvidas.

Os sentimentos que você leva anos para dar para alguém, são os mesmos que levam segundos para serem destruídos pela pessoa que você jamais esperaria que fizesse isso.

Porque você demonstrou cedo demais. Apressou os dias.

As amizades que você mais prezava na vida são as que mais doem quando perdidas.

Porque uma vez perdidas, dificilmente poderão ser recuperadas, e recomeçar de onde parou é quase impossível.


As paixões que foram sua razão de viver por meses a fio são aquelas que você leva pro resto da vida na memória.

Porque devem ficar apenas na memória, foram fases necessárias em sua vida para um aprendizado posterior.

As saudades que você carrega no peito pelas pessoas que nunca mais farão parte de sua vida são as mais dolorosas.

Porque saudade é bom para quem sabe sentir. E você aprende com o tempo, que nunca se sabe ou se sente como gostaria.

Os medos que você traz consigo, poderão se tornar fantasmas, caso você não os exorcize. Logo.

Porque o medo quando bem canalizado, torna-se uma força. Quando você não o supera, vira uma fraqueza.

As esperanças que você reluta em perder são preciosas, te fazem crer que a vida ou as pessoas, ainda prestam.

Porque elas constroem as bases para os sonhos.

As tristezas que tomam conta de você nos dias cinzentos são pedidos de ajuda para si mesmo, para que faça algo por você o mais rápido possível.

Porque a tristeza traz a vontade de lutar pelas alegrias.


As pessoas que te desafiam e irritam, são coadjuvantes na sua trajetória pela vida delas. Talvez sejam os amigos que todo mundo deveria ter de vez em quando.

Porque é delas que virão as maiores verdades da sua vida, mesmo que você não admita isso hoje.

As mágoas que te fazem chorar no travesseiro e te endurecem o coração, e faz você deixar de confiar nas pessoas, são importantes para que você saiba o que não deve fazer para magoar ao outro, como alguém te magoou um dia.

Porque quem retribui mágoa com mágoa, se vingando nos outros, jogando erros e procurando culpados, é egoísta e não merece ter o coração aliviado.

Os pecados que cometemos, ou os que cometeram contra nós, são provas de que somos humanos e como tal, falhamos muitas vezes.

Porque pecar é humano, perdoar é divino.

Os erros que atribuem nossas falhas fazem parte de nossa natureza.

Porque qual a melhor forma de aprender, senão errando e recomeçando?

Os amores que você julga impossível podem te ensinar que o primeiro passo para buscar o inatingível é acreditando que para tudo e todos, existem um tempo e lugar.

Porque para viver, às vezes precisamos apenas de fé.


Horas e horas, palavras e palavras poderiam ser postas aqui, neste exato momento. Mas como sempre, elas não bastariam. Cada um acredita no que lhe é mais fácil. Como quem guarda na mochila, o peso que pode carregar, assim são as verdades absolutas. O universo é feito de pessoas que vivem em seus mundos particulares. Contato. É o que todos precisam ou buscam, para perder seu ponto de referência. Seja na multidão, ou no isolamento imposto.


Talvez, e apenas talvez, o mundo e as pessoas seriam melhores, se entendessem da mesma forma que:Precisamos escrever, o que quisermos, antes que acabem o papel e a caneta. Falar o que for preciso, antes que sua boca fique selada. Sinta tudo o que puder, pois um dia talvez lhe falte sentimento. Seja amigo, pois ninguém vive só. Apaixone-se para ser digno de ser amado. Tenha saudades, porque é um dos sentimentos mais bonitos que existem. Tenha medo, para aprender a dominar e seguir livre. Mantenha a esperança, sem ela não existem sonhos. Conheça a tristeza, para conhecer o benefício de um sorriso, após a dor de uma lágrima. Agradeça a quem te irritar, já que talvez você tenha feito por merecer. Esqueça as mágoas, elas te aprisionam em si mesmo. Peque para aprender o significado do perdão. Erre para descobrir a segunda chance. Ame aquilo que pensa ser impossível, para encontrar o tempo necessário de cada pessoa.
















E se fizer tudo isso, aí sim.
Pode envelhecer, e ser feliz porque aprendeu enquanto havia tempo que estamos aqui, por um único propósito: “Viver a vida”.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Você ligou para o número errado...


Há uns dias atrás, eu estava recebendo chamadas no meu celular de um número desconhecido. Chamadas realmente insistentes, que começaram a me deixar irritada quando nas poucas horas que consigo fechar os olhos para dormir, lá estava o celular tocando. E aquele maldito número.

Odeio chamadas de números desconhecidos.
Não costumo atender. Sei lá por quê. Vai ver é algum tipo de paranóia minha (mais uma?) que me faz pensar nas coisas mais doidas. Ou talvez, eu tenha algo a esconder e temo que alguém algum dia descubra e me ligue dizendo: "Sei quem você é e vi o que você fez."


Exceto pelo fato de que, não fiz nada.
Que tédio. Culpa da adolescência e desses filmes ruins que tinham Jennifer Love Hewitt no elenco.

Bom, resolvi atender a ligação. E poder voltar a dormir.
Era uma mulher, e como se não bastasse me ligar direto, nem era por mim que procurava (quando será que deixei de ser interessante?) e sim por um tal de Joel.
E parecia verdadeiramente interessada nele e tinha urgência em sua voz. Respondi que não poderia ajudar, pois aquele número de celular não era dele. Óbvio que ela não acreditou. Mas ao menos parou de ligar.


Ontem à noite, recebo a seguinte mensagem:
"Como você pôde me enganar com seus beijos, resumindo seu amor e agora nem pode se despedir de mim? Mas amo você, e estou indo embora. Hoje às 23:45hrs. Adeus Joel."

Para alguém com imaginação fértil, isso foi um "prato cheio".
Digo, não passaria pela sua cabeça também, a história dessas pessoas? O que houve entre eles?


Na minha passou. E me distrai horas pensando nisso.
Criando a trama, e como sempre, tinha que ter final trágico. O trágico é mais atraente, e todos gostam mais. Quem gosta de ver os outros felizes? Fato é que, pimenta nos olhos dos outro é refresco e todo mundo toma até a última gota.

Porém, fiquei com pena do tal Joel (nome feio, até pensei em mudar quando escrevesse sobre, mas aí perderia a autenticidade): porque, vejam bem, ele de certa forma, foi injustiçado com isso. Que culpa tem ele, se a garota ligou para o número errado? Talvez ele até mesmo estivesse preocupado com ela, ou algo do tipo, mas um número errado e tudo mudou.

Ele nunca vai saber qual foi a última mensagem que ela deixou pra ele, as palavras ácidas e doces, e ele não teve como se despedir dela (como Bogart e Ingrid Bergmann em Casablanca) ao passo que eu, que nada tenho a ver com a história, vi o suposto desfecho dela. Curioso não?

Um acaso, uma ligação errada, e as coisas mudam.
Que terá ela sentido ao esperar que ele fosse se despedir dela?
E ele? Ainda espera uma chamada?
A espera pode ser ruim às vezes...


E eu, bem...
Fico aqui pensando nisso tudo, sem chegar a uma conclusão satisfatória, e achando graça.

E a pergunta que ela fez, na mensagem, talvez nunca tenha resposta.
E a espera dele, talvez nunca termine.
E apenas talvez, tenha sido melhor assim.















Não adianta buscar uma verdade, e não estar preparado para ela.