segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Você ligou para o número errado...


Há uns dias atrás, eu estava recebendo chamadas no meu celular de um número desconhecido. Chamadas realmente insistentes, que começaram a me deixar irritada quando nas poucas horas que consigo fechar os olhos para dormir, lá estava o celular tocando. E aquele maldito número.

Odeio chamadas de números desconhecidos.
Não costumo atender. Sei lá por quê. Vai ver é algum tipo de paranóia minha (mais uma?) que me faz pensar nas coisas mais doidas. Ou talvez, eu tenha algo a esconder e temo que alguém algum dia descubra e me ligue dizendo: "Sei quem você é e vi o que você fez."


Exceto pelo fato de que, não fiz nada.
Que tédio. Culpa da adolescência e desses filmes ruins que tinham Jennifer Love Hewitt no elenco.

Bom, resolvi atender a ligação. E poder voltar a dormir.
Era uma mulher, e como se não bastasse me ligar direto, nem era por mim que procurava (quando será que deixei de ser interessante?) e sim por um tal de Joel.
E parecia verdadeiramente interessada nele e tinha urgência em sua voz. Respondi que não poderia ajudar, pois aquele número de celular não era dele. Óbvio que ela não acreditou. Mas ao menos parou de ligar.


Ontem à noite, recebo a seguinte mensagem:
"Como você pôde me enganar com seus beijos, resumindo seu amor e agora nem pode se despedir de mim? Mas amo você, e estou indo embora. Hoje às 23:45hrs. Adeus Joel."

Para alguém com imaginação fértil, isso foi um "prato cheio".
Digo, não passaria pela sua cabeça também, a história dessas pessoas? O que houve entre eles?


Na minha passou. E me distrai horas pensando nisso.
Criando a trama, e como sempre, tinha que ter final trágico. O trágico é mais atraente, e todos gostam mais. Quem gosta de ver os outros felizes? Fato é que, pimenta nos olhos dos outro é refresco e todo mundo toma até a última gota.

Porém, fiquei com pena do tal Joel (nome feio, até pensei em mudar quando escrevesse sobre, mas aí perderia a autenticidade): porque, vejam bem, ele de certa forma, foi injustiçado com isso. Que culpa tem ele, se a garota ligou para o número errado? Talvez ele até mesmo estivesse preocupado com ela, ou algo do tipo, mas um número errado e tudo mudou.

Ele nunca vai saber qual foi a última mensagem que ela deixou pra ele, as palavras ácidas e doces, e ele não teve como se despedir dela (como Bogart e Ingrid Bergmann em Casablanca) ao passo que eu, que nada tenho a ver com a história, vi o suposto desfecho dela. Curioso não?

Um acaso, uma ligação errada, e as coisas mudam.
Que terá ela sentido ao esperar que ele fosse se despedir dela?
E ele? Ainda espera uma chamada?
A espera pode ser ruim às vezes...


E eu, bem...
Fico aqui pensando nisso tudo, sem chegar a uma conclusão satisfatória, e achando graça.

E a pergunta que ela fez, na mensagem, talvez nunca tenha resposta.
E a espera dele, talvez nunca termine.
E apenas talvez, tenha sido melhor assim.















Não adianta buscar uma verdade, e não estar preparado para ela.

2 comentários:

Manuka disse...

Como diria Joseph Klimber, a vida é uma caixinha de surpresas.
Mas esses desencontros da vida, fazem pensar como somos tão meramente umgrão de NADA.
Um simples número errado, e acabou com a vida da menina, deixou um coração à espera do garoto, e a Joi irritada por não poder dormir.
Mas um belo texto, das nossas pequenas vivências.
Beijos

Fabio Hüls disse...

Não deixou não.