Esses dias, dias desses, quando a balada já vai esvaziando, os casais vão saindo, e seus pés começam a doer no salto fino, você vai pro banheiro, senta e observa, quem entra, quem sai...
E vai viajando nos recantos da sua própria mente deturpada pelo alcoól, já que ele entra, e o "nojo" pelas pessoas sai. Combustão pós-balada.
Mais ou menos isso.
E você relembra, compara os atuais 21 com os (não tão) saudosos (assim) 16.
E constata que sua vida (e quem sabe a das outras pessoas também, já que precisamos de conexões) se divide em duas fases: a época em que tudo que você precisa é de uma razão, e o tempo do motivo.
Doce 16 anos.Você quer mais é provar que pode e sabe tudo, topa todos os desafios, é como um punhado de pólvora, que só precisa de fogo pra explodir e causar estrago, onde tudo que se precisa é de um motivo : pra sair, pra curtir, pra beber, beijar na boca e ter ressaca no dia seguinte e resumir os finais de semana em "babados da hora".
Uma pena, chegar os 17, 18 (quando vodka vira água), 19 (quando cerveja é refrigerante), 20 (quando você experimenta tequila, porque precisa de algo mais forte) e finalmente, o status quo: os 21.
Quando você entra em todas as baladas. Compra qualquer bebida ou cigarro. Ou drogas.
Já experimentou o sexo, e desconexo, e sem nexo.
Aí meu bem, você precisa de uma razão : pra ir até aquela balada, pra vestir aquele vestido curto, fazer a maquiagem, troca a vodka barata, pelo uísque mais caro, seleciona até as bocas que beija (e o telefone que antes você dava pra todos, hoje, você alega não ter) e as poucas risadas que dá.
É na fase da razão, que somos os mais sozinhos do mundo, que relembramos das músicas que escutávamos, das bobagens ditas, e o albúm de fotos antigas nunca teve as páginas tão manuseadas. Porque não é nem saudade o que você sente. É uma tremenda sensação de...perda.
Acima dos amigos, dos paqueras e dos porres que você perdeu, o principal foi ter perdido à si mesmo, o vazio começa a apertar, a garganta aperta, e já deu 6 horas da manhã, e você sai do banheiro, procura sua amiga pra irem embora, e entre todo o caminho que faz de volta até sua casa, só tem um caminho que por mais que se tente (e tentamos!) não se pode voltar atrás:
Quem você foi.
Beneficamente ou não, mudar é preciso.
Mais do que isso!
Inevitável...
E a música do Lulu Santos vira tema: Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.
2 comentários:
"Vivemos como os nossos pais"
Period.
isso parece meu 16 anos...
amei seu texto.. queria eu escrever tão bem assim =/
=*
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