domingo, 26 de outubro de 2008

Para o próximo viciado...


Nunca comecei uma carta tão difícil quanto essa.
Aliás, mal sei como começá-la.
Apresentando-me?
Bem, sou alguém que você não conhece, e espero, nunca venha a conhecer.
Também não lhe conheço e não faço questão disso. Mas conheço exatamente o que você sente. Muito bem. Como ninguém jamais o poderia fazê-lo.

Sei as sensações que passam em seu corpo, e na sua mente.
A dependência que aos poucos, está se instalando por você inteira.
E lamento dizer, o efeito é rápido e devastador.
Experimentando, sentindo, acreditando e confirmando que você só é completamente feliz quando está nesse ápice dos sentidos. Quer todos os dias, em doses cada vez mais exageradas, que dopem cada vez mais.

A melhor droga de todas.
Te acelera, te faz sentir prazer, e faz você viajar também.
E o tem o adicional da forma inusitada: não é em pó, nem uma balinha ou muito menos erva.

É um alguém.
O jeito, o corpo, e tudo o que essa pessoa, tão generosamente proporciona.

O que tenho para dizer é: aproveite o máximo que puder.
Parece um conselho tolo ou invejoso. Mas acredite-me: não é.
Talvez nem seja um conselho na verdade, pode ser só uma frase solta, dessas que a gente nunca consegue prender na boca sabe?

Devore a boca. Mas não somente ela.
Repare da leve cicatriz no lábio superior.
Sinta aquele perfume tão bom. Mas não somente ele.
Repare na pele arrepiada do pescoço, toda vez que você passa as unhas de leve.
Ouça com atenção àquela voz. Mas não somente ela.
Repare nas palavras que de tão doces, podem ficar ácidas.

E faça isso por todo o resto.
Assim, passa a ver os defeitos, e não somente as qualidades.
Ame primeiramente, o lado ruim desse alguém.
Para que se surpreenda depois, com o lado bom.


Se doe por completo. Sem anular à si próprio.

E em momento algum, prometa-me, faça o que eu fiz:













Destruí.

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