“Uma pessoa muito legal, amiga, divertida, gosto muito dele.”
Todo ano era assim.
A revelação sempre começava com essa frase feita. Principalmente na escola. Costumava ter a “sorte” de pegar sempre algum colega do qual não gostava.
E tinha que descobrir um modo de revelar, e um presente para entregar.
O irônico da situação, era que o tempo passava, e mesmo hoje em dia, não declaradamente, ainda acontecia o “amigo secreto.”
Todas as pessoas que ela conhecia na vida, eram, de algum modo, seus amigos secretos.
Sempre acabam revelando coisas boas ou não para ela.
Às vezes revelavam uma qualidade que não se acha mais hoje em dia, outra vezes, eram defeitos ou falhas de caráter imperdoáveis.
Mas a revelação sempre acontecia. Uma dúvida que a acometia de vez em quando era: o quanto revelava sobre si para alguém?
Era difícil saber.
Ou pior: o quanto realmente sabia de certa pessoa, era mais complexo ainda.
Bem se dizia que podemos passar uma vida toda com alguém, sem conhecer metade do que aquela pessoa é, ou do que pode ser, ou principalmente: o quanto significa para a gente. Geralmente esse é critério na hora de comprar o presente do amigo secreto: O valor que a pessoa tinha para ela, era demonstrado na forma que escolhia o presente.
Sempre optava pela caixa de chocolates.
Um bombom para adoçar a vida.
Todo mundo gosta.
E mesmo aqueles com quem não me dava muito bem, também ganhavam chocolate.
Atualmente, caso você resolva analisá-la, vai perceber que isso é um dos seus maiores defeitos: Colocar todos no mesmo nível de importância.
Gostar de todos por igual?
Não, analise um pouco mais.
Não gostar de nenhum em especial.
Talvez fosse isso que o chocolate representava. Sua falta de doçura com algumas pessoas, encontradas em abundância no doce calórico. O grande problema é que pensando sempre em amigos secretos, não lhe vinha nada em mente melhor para presentear. Chocolates, porta-retratos, e todas as demais coisas sem graça que pessoas dão nessas ocasiões. Aprender a valorizar realmente um amigo secreto é algo que ela não tinha aprendido ainda.
Reciprocidade também. É loucura dar tão pouco pra alguém e esperar que a outra pessoa dê tudo. É o que costumava fazer.
Fazia pouco, e cobrava muito.
Não dava nada e queria tudo.
Egoísmo é a palavra.
É.
No final das contas, uma caixa de chocolates era tudo o que ela merecia.
Um comentário:
Hahahaha! Ai como eu adoro, viu?
E as "páginas arrancadas" vão ficando mais "CLARAS" ou não...
O que importa é sempre ter algo de "secreto"?
... ou sempre ter "algo" de secreto?
Fico com a segunda.
Mas enfim, a caixa de chocolates é sempre a vencedora. Tava comendo chocolate agora mesmo... rs.
O que banaliza é o propósito do presente. O momento repetitivo e banalizado. Assim como a palavra banal está sendo banalizada aqui.
Como o "eu te amo"?
Mas damos chocolates pois é o presente genérico das formiguinhas genéricas ;p
Amo esse blog.
Bjoka, Joi ;*
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