terça-feira, 14 de outubro de 2008

Uma carta para Caroline


Foi minha melhor amiga no ginásio.

Sabe aquela pessoa meiga, que acredita em todo mundo, e sempre pensa que todos tem algo de bom?


Era ela.

Tínhamos uns 14 anos na época, e hoje, 6 anos depois, me lembrei dela.

Que rumo tomou na vida, o que faz hoje em dia. Não tenho mais o telefone nem o endereço.

Será que ela ainda tem o hábito de andar de bicicleta e ajudar a mãe a fazer o almoço?


Sempre fui péssima para andar de bicicleta. Nem vou falar nada sobre ajudar a fazer o almoço. Brigava com ela quase todo dia. Meiguice em excesso é algo que me irrita até hoje.


Porque às vezes é uma fraqueza, e tenho que teimar em cuidar de todos aqueles que gosto.

Se alguém magoava Carol, eu brigava mais ainda com ela, magoando mais para ensinar ela que deveria se defender. Erro monstruoso esse meu.

Ela precisava de conforto e da minha amizade. Mas nunca disse nada.


Sorria e prometia que da próxima vez seria mais forte.

Mas nunca cumpriu.

Algumas pessoas nascem com o dom de esperar que algum dia as pessoas serão para ela, como ela é com os outros.

Espera sempre que haja reciprocidade nos relacionamentos.


Quem dera assim o fosse. Outras pessoas, não sabem esperar e resolvem que não dão nada para ninguém sem que receba primeiro. Não existia o "dar e receber".

Dê primeiro para receber depois.


Mas também esperava que houvesse reciprocidade. Como conseguir isso, sem se doar ou sem se anular? Acho que foi assim que nossa amizade se perdeu no tempo.


Caroline se anulava.

Eu não me entregava por nada. Nem por amizade nenhuma.


Ao menos, Carol acreditava nas pessoas, e ainda hoje, espero que acredite.

Pois há muito, esqueci de fazer isso...

E quem não confia, não merece confiança.

E vai ao longo do tempo, perdendo aquilo que tem hoje.


Porque não sabe preparar para amanhã.

E faz o que eu odiava que Caroline fazia:


"Prometo que da próxima serei diferente".

















A próxima vez pode nunca chegar.

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