- Dormir com você é como dormir com uma criança inquieta. Você é braços e pernas, toda movimento.
- Sou como uma criança?
- Em certos momentos você é.
- E em outros momentos?
- Você é inquieta.
- Logo, você me diz que sou, de fato, uma criança inquieta.
- Não amor. Disse que você é criança e inquieta.
- Quando sou criança?
- Agora mesmo, com sua curiosidade ferina, esperando que eu me traia no que falo para você poder me atacar.
- E inquieta?
- Também agora. Interiormente você está inquieta porque ainda não conseguiu me ferir.
- “Louco amor meu, que quando toca fere, e quando fere, vibra!”
- Vinicius de Moraes. Soneto de maior amor.
- O meu amor.
- Minha pequena, você vibra quando me fere?
- De algum modo perverso e egoísta, sim.
- Admite então que perversidade e egoísmo são defeitos seus?
- Amargamente, admito.
- Você não gosta de admitir?
- Não!
- Outro defeito.
- Você já tem uma lista.
- Já tenho você.
- Criança, inquieta, perversa, egoísta e orgulhosa.
- E pelos diabos menina! Como amo você!
- Com todos esses defeitos que me caracterizam?
- Com esses defeitos que te compreende em uma palavra.
- Qual?
- Mulher.
Era seu jeito de criança, com todos os risos e doçura, a inquietude perturbadora que faz meu coração vibrar, sua perversidade maliciosa que me confunde, o egoísmo apaixonado que te faz lutar pelo que deseja, pois não suporta perder o que ama, e seu orgulho divertido que te faz cega pra uma única certeza:
Conhecer você é amar você.
Meu coração pode amar aquilo que meus olhos desprezam, mas ainda assim, ama se apaixonar.
Shakespeare sabia.
Você também vai saber.
Ainda.
Um comentário:
Oh yeah baby.
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