quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O motivo eu já nem sei...


- Dormir com você é como dormir com uma criança inquieta. Você é braços e pernas, toda movimento.

- Sou como uma criança?

- Em certos momentos você é.

- E em outros momentos?

- Você é inquieta.

- Logo, você me diz que sou, de fato, uma criança inquieta.

- Não amor. Disse que você é criança e inquieta.

- Quando sou criança?

- Agora mesmo, com sua curiosidade ferina, esperando que eu me traia no que falo para você poder me atacar.

- E inquieta?

- Também agora. Interiormente você está inquieta porque ainda não conseguiu me ferir.

- “Louco amor meu, que quando toca fere, e quando fere, vibra!”

- Vinicius de Moraes. Soneto de maior amor.

- O meu amor.

- Minha pequena, você vibra quando me fere?

- De algum modo perverso e egoísta, sim.

- Admite então que perversidade e egoísmo são defeitos seus?

- Amargamente, admito.

- Você não gosta de admitir?

- Não!

- Outro defeito.

- Você já tem uma lista.

- Já tenho você.

- Criança, inquieta, perversa, egoísta e orgulhosa.

- E pelos diabos menina! Como amo você!

- Com todos esses defeitos que me caracterizam?

- Com esses defeitos que te compreende em uma palavra.

- Qual?

- Mulher.



Era seu jeito de criança, com todos os risos e doçura, a inquietude perturbadora que faz meu coração vibrar, sua perversidade maliciosa que me confunde, o egoísmo apaixonado que te faz lutar pelo que deseja, pois não suporta perder o que ama, e seu orgulho divertido que te faz cega pra uma única certeza:






Conhecer você é amar você.

Meu coração pode amar aquilo que meus olhos desprezam, mas ainda assim, ama se apaixonar.








Shakespeare sabia.














Você também vai saber.














Ainda.