sexta-feira, 2 de abril de 2010

E viveram felizes para sempre...


...fim.
Final feliz.
É isso? Todo mundo feliz? Fácil assim?
Pra começar:
Como um final pode ser feliz?
Isso deve ter sido criado por algum contador de história infantil, dotado de muita ironia.
“E o príncipe viveu feliz para sempre com a princesa”.
Aposto que nessa hora, ele (pode ser o Hans Christian Andersen) estava rindo com o canto da boca, em afetado sarcasmo, sabendo interiormente de toda a realidade.

Nunca existiu um “para sempre”. Afinal, ninguém nunca mandou notícias do “para sempre”: “Olá, estou aqui no reino de Para Sempre, e mando um abraço aos amigos e um beijo para as amigas”.
Príncipes e princesas se casam por interesses comuns, não por amor.
Amor para a vida toda não existe. Alguém já recebeu cartas do além, de algum apaixonado, dizendo: “Meu nome é João cara de bobão, morri, e estou aqui mandando um recado: mesmo depois de morto, ainda amo Maria cara de pia”.

Amor de momento sim. Existe, e tem por aí, aos montes.
Esse sim pode ser comprovado, uma vez que o orkut e fotolog não nos deixa mentir não é mesmo? Quem nunca viu por aí, um casal que acabou de ficar junto, jurando eternidade?
Benzinho, eternidade é muito tempo.

Empolgações, impulsividade são brindes que estão inclusos no pacote: “Adquira já o seu amor pra toda vida. Vem do nada, arrebata e te faz imensamente feliz”.
Observação: não nos responsabilizamos se o produto acabar em alguns dias, semanas ou meses. No caso de durar anos, favor comunicar à loja, para que possamos comemorar, porque será um caso a parte.

E por favor, não pense que não acredito no amor.
Acredito sim.
Não acredito é na banalização dele.
Nessa imensa bagunça sentimental que vivemos.
Onde todos se amam, todos se querem.
E todos, vivemos felizes para sempre.

Dá um tempo vai.
Ou faz o seguinte: pega o meu telefone, e me liga do além quando você estiver morto já.
Ou deixa um scrap, avisando que lá no além, você ainda ama fulana ou ciclano.
Vou ter imenso prazer, em morder a minha língua.
E você estará me ajudando duplamente, me provando a existência de duas coisas nas quais não acredito: vida após a morte, e amor eterno.
Pra mim, só existe no filme do “Ghost – Do outro lado da vida”.
E ainda assim, a cena da argila é a mais interessante.

- Te amo para sempre.
- Se você amar por hoje, já ta mais do que bom.















Ser utópico é fácil. Ser realista, é que são elas.

3 comentários:

Manuka disse...

Ser utópico, é tão fácil.
Ser realista, as vezes é tão depressivo.
Enfim, amor existe, enquanto meu coração bater... Por quem? Isso não importa, desde que eu esteja amando.
E ser amada é melhor ainda.
Pra sempre (enquanto seu corpo não apodrecer) é bem relativo.
BUT... será que quando eu morrer, ressurgirei num outro corpo, e te amarei mesmo que de uma forma diferente????
Nem Sigmund Freud explica *_*

Bjs

Guga disse...

"e eles viveram felizes para sempre".
Fomos expostos desde pequenos a esta farsa.
Não existe pra sempre, nem para o universo. Nem tão pouco existirá o
amor eterno.
Amor é uma complexa reação química.Fato.
E põe complexa nisso!

Fabio Hüls disse...

Vivemos uma ínfima parcela do que seria eterno.

A maioria não vive 10 anos juntos, que comparado com os 4 bilhões de anos da criação do Universo, não é nada.

E a idade do Universo não é nada para o eterno.

Eterno não pode ser medido. Não tem fim.

Eterno são as risadas espontâneas, os beijos inesperados, aquele abraço que tu tava saindo fora naturalmente e a pessoa continua te abraçando por mais tempo...

Eterno é o que tem de bom no nosso cérebro e no nosso coração.