segunda-feira, 26 de maio de 2008

Luzes da cidade...


As luzes da cidade.

Prédios, ruas, avenidas, carros, barulhos.

Prostituição, violência, tudo aquilo que o dinheiro pode comprar.


Corpos, prazer, mentiras, verdades.

Um mundo de oportunidades. Ou de sonhos que se tornam pesadelos.

Longe de toda a calma e tranquilidade.

Perto de tudo aquilo que faz seus olhos brilharem cegos. Você vai se ferrar, cometer todos os erros possíveis, se arrepender de tudo aquilo que puder e do que não puder também.





As pessoas que passam e ninguém reconhece seu rosto. Mas mesmo assim, você se sente mais ligado à tudo isso do que na sua rodinha de amigos.

Amigos que optam por carreiras.

Amores.

Vidas caseiras.

Costumes.

Coisas comuns.

Você quer um lugar.

Pra chamar de seu.









Aluguel, prejuízos, vizinhança barulhenta, contas pra pagar, preocupações, responsabilidades.

E em tudo o que você consegue pensar é em uma vista.




Você abre a janela, e tudo o que vê na sua frente é tudo o que você quer:

Um horizonte.





Abre os braços, e quem olhar vai pensar que você é louca.

O que importa?






A cidade inteira, ao alcance das mãos.

E tudo isso da janela da sua casa.















E era somente uma vista que ela queria.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Pesadelos reais...


Tive um sonho a noite passada.

Sonhei que era imortal. Eternamente jovem. Um vampiro mordeu meu pescoço.

Meu sangue quente na boca dele, a língua ardente lambendo cada gota, retirando uma vida sem graça e dando em troca uma nova sensação, um sentido.


E um preço.

Não sentia dor, nem medo, nem saudade.

Família, amigos, amores.

Nada te atrai.

Só a intensidade.

E dela você não consegue o suficiente, uma vida inteira procurando.


Alguém deve ter escrito isso em algum lugar, essa sensação, talvez um relato em um diário trancado à chave talvez.


Cadê a chave?


Você só precisa encontrar ela.

Deve estar com alguém. Ou seja: alguém tem o que você precisa.

Uma resposta. Algo que diga que o que você sente, outro também sente, ele só precisa que você procure essa chave. Nada mais simples. Algumas pessoas procuram eternamente, outras são procuradas, o que importa no final, é apenas encontrar.


E descobrir o melhor jeito de conviver com as respostas para as suas perguntas.


- O que seus olhos fixos no nada querem dizer? Você esta com jeito de quem descobriu alguma verdade.

- Descobri há tempo já. O que estou tentando descobrir é um modo de admitir isso.


(...)


Talvez seja assim.

Do nada, você descubra.

As melhores coisas acontecem de repente.

E é assim que você acorda.

Abre os olhos, assustada com o sonho.

O coração na garganta. Afasta as cobertas e olha ao redor:


Você não é imortal.

Sente dor, sente medo, e principalmente saudade.

O que não te atrai no sonho, na vida real é sua razão.

A intensidade é um álibi. E o vampiro é ele, que colocou no seu sangue as sensações que você queria. Mas não disse que preço seria cobrado por isso. Nem as formas de pagamento.


E a chave? Ah é mesmo...

Você deu pra ele no tempo que ele ainda era seu e entrava de mansinho na sua casa, deitava na sua cama e te chamava de Amor.











- Amor é quase meia noite e você não chegou ainda. Você não sabe que não posso dormir sem seu braço na minha cintura, sem sua boca devorando meu pescoço?












I'm your truth, telling lies… I'm your reasoned alibis… I'm inside open your eyes… I'm you! Sad but true…

terça-feira, 13 de maio de 2008

Atrasos...


(...)


- Hoje percebi que realmente não estamos mais juntos.

- O que fez você perceber isso?

- Não vejo mais a toalha molhada em cima da cama.

- Na minha também não tem mais a sua camisola amassada.

- O espelho do banheiro também não está embaçado...

- E nele não tem mais "amo você" escrito com o batom que eu te dei no último Natal.

- É...

- É.






(...)







- Bem, só passei pra dar um "oi".

- Oi.

- E ver se está tudo bem.

- Está...E com você?

- Também.

- Bem, é isso. Então, até mais.

- Até mais. Cuide-se.








Guilt kicks in and I start to see... The edge of the bed... Where your nightgown used to be.

sábado, 10 de maio de 2008

Você não sabe amar


- Fale comigo.

- Falar o quê?

- Qualquer coisa. Me fale sobre o tempo, sobre aquela música antiga que estava tocando no rádio, sobre o furo no meu suéter, fale de amor.

- Você está indo embora...

- Me faça ficar, por favor!

- Como? Sou uma ótima pessoa, tenho pensamentos comuns e você é sádica.

- Posso ser amável também.

- Não...Você jamais poderia ser amável, isso acabaria com você, com todo o seu jeito e acabaria comigo também.

- E o que faremos?

- O que tem de ser feito: eu fico aqui, lembrando de você todos os dias, e você volta para o seu mundo longe do meu e me esquece em algumas semanas.

- Ok.

- Ok!







E essas semanas duram até hoje.

Já disseram-me uma vez que amar é renunciar.

Prefiro ter memórias excitantes do que felizes, porque na vida não lembraria dos momentos em que respiro e sim daqueles que perdi o fôlego alguma vez.





E foi com você.








If you don't love me - lie to me 'Cause baby you're the one thing I believe Let it all fall down around us, if that's what's meant to be Right now if you don't love me baby - lie to me.

Carta para você...


Em um desses dias tediosos, onde buscar formas de distração se tornam um passatempo, a caneta e a agenda do trabalho parecem atraentes, de modo que começo a rabiscar uma caricatura mal feita do que foi o nosso relacionamento.


As cenas vão passando pela minha mente, descortinando algumas dúvidas junto com as lembranças, como filmes que eu nem cheguei a ver o final. Mas que sabia que não haveria um "felizes para sempre". Ao pensar em todos os gêneros cinematográficos dos quais gostava, projetava você e eu nos papéis principais. Talvez fossemos aquela comédia romântica, você estrelando o papel de garoto popular e eu a garota sem graça e calada, que lia dicionários para aprender meios complicados de retrucar os outros. Ou quem sabe, um bom suspense, um thriller de Hitchcook, que nos rendeu a perda do fôlego algumas vezes, pelos mais variados motivos. O tão clássico terror, que sempre acabava com sangue, que nesse caso, foi aquele dia em que me cortei tentando fazer algo para comer, e você cuidou do ferimento, me acalmando. Impossível não mencionar o drama, que se aplicava às noites mal dormidas elágrimas que ensopavam o travesseiro à noite. Como não pensar em algum épico? Tristão e Isolda. Romeu e Julieta. Dr. Jivago e Lara.


Assim como esta carta, não consigo imaginar um bom final pro nosso filme.


- Éramos um casal de crianças, você e eu, mas nos amávamos não é?

- Sim. Foi de verdade.

- E tudo o que juramos?

- Foi real naquele momento.

- E por quê não estamos mais juntos?
- Porque "pra sempre" significava até: amanhã, e eu esqueci de comentar esse detalhe com você.






"When I look back, for everything I've done, I know you must cried a river of tears..."

terça-feira, 6 de maio de 2008

E um dia descobre que o comum não nos atrai...


Gosto dessa frase.

Mas começo a questionar, de leve, assim, como quem não quer nada.


O que seria o comum? Tenho uma amiga que usa o termo: "uma vida como a que é mostrada pelas propagandas de margarina". Uso a expressão agora. Família, a mesa de café da manhã, e um cachorro grande e bobo correndo pela grama. E margarina Becel: "para você viver até os 100 anos e estar preparado para todas as emoções que a vida tem pra dar".


Talvez ninguém, no auge da vida, com tanto pra ver e viver, vai desejar isso. Mas o tempo passa, e como. Rápido demais. Creio também que o tempo tem um pacto com o ditado da vovó: "viver intensamente o hoje". Porque, quando nos dermos conta, já foi, virou lembrança. Mas, ao menos espero, que um dia, tudo o que vivo hoje me enjoe. Como enjoei dos brinquedos da infância, e das conversas sobre beijo no ginásio. Porque buscamos algo melhor, é como prova da evolução.


Você vivencia, experimenta, e quando estiver satisfeito, vai parar e olhar pro lado.

Os amigos casando. Tendo filhos. Um cachorro. E você na balada, na pista, segurando o mesmo copo, procurando pelos conhecidos que costumavam dançar junto com você. E eles vão estar vivendo na propaganda da margarina, e você sempre na Malhação, repetindo a vida, como se fosse uma série sem fim, com o mesmo enredo tedioso da última temporada. Só mudarão as pessoas e o papel que exercem na trama da sua vida.


Será que é válido? Mudar sempre as pessoas, não ter nada de permanente.


Sinceramente? Desejo um dia, ver essa mesma frase e poder mudá-la:












"E um dia descobre, que o comum é tudo o que você quer na vida."

domingo, 4 de maio de 2008

Perdi a voz


- Fico me perguntando se o tempo passar, você ainda estaria comigo?

- Se o tempo passar, você ainda iria me querer com você?

- Não sei nem se te quero agora.

- Mas está comigo.

- Realmente.

- Querido, você se preocupa em analisar as situações, o que acontece, me analisa também.

- Você se incomoda?

- Me irrito. Você me irrita. Muito. Como ninguém.

- Você se irrita consigo mesma. Eu não faço nada.

- Exatamente. Talvez a sua culpa seja ser simplesmente você.

- Devo mudar?

- Se mudar perde a graça, ficaria igual aos outros.

- O comum não é mais atraente?

- Talvez seja por ser mais seguro do que o desconhecido, o incomum.

- E você não gosta de se sentir segura?

- Estou segura.

- É mesmo?

- Sim, estou nos seus braços.

- Você é tão medrosa...

- Você é protetor.

- Do que protejo você?

- De mim mesma.


(...)




- É a 3ª vez que você ouve essa música, por quê?

- Gosto dela. Me desperta sentimento.

- Eu te desperto sentimento?

- Gosto de você também.

- Me ama?

- Dança comigo?



(...)




Todos os sentimentos do mundo.

Mas música nenhuma traduz.

Só você. Mas você não fala. Perdeu a voz.






Cause sometimes it seems like this world's closing in on me... And there's no way of breaking free... and then I see you reach for me.

Too cold to live too hot to die .


Nem amanheceu ainda, e pra ela é como se o dia já tivesse começado.


Não consegue dormir, fica olhando pro teto, os olhos vidrados, os pensamentos distantes.

Faz frio. Muito frio.

Destilando um rock no velho aparelho de som, todas as músicas são pra ela.

São dela. Afinal o estranho que escreveu aquela letra conhece mais de você do que ninguém.


Uma espécie de ligação estranha, algo do tipo: "nunca te viu e sempre te amou".

Nada e tudo a dizer.

O problema é que ela não dissimula as loucuras soltas pela língua, os pensamentos sem nexo.

Uns 20 anos talvez, e no olhar é como se tivesse bem mais, como se fosse velha demais pra saber.


Um extremo, um medo, uma mentira, uma falsa.

Lábios marcados pelo frio, rachados. Mas um frio gostoso, que você quer desesperadamente sorver em goles homéricos e destemidos. Pernas e braços, bocas e dentes, mãos e línguas, barriga, um corpo inteiro arrepiado sem uma razão de ser.

De ouvir, falar, sentir ou ver.

Apenas de desejar ser.

Ter.








É o gelo queimando o fogo.








E ela não se dá conta disso.

sábado, 3 de maio de 2008

Caixinha de lembranças...


- Gostaria de tornar você minha caixinha de lembranças.

- Me encha de lembranças então.

- Tenho um plano.

- Qual?

- Poderíamos roubar um pedaço do tempo.

- Um bom plano, como seria?

- Posso criar uma melodia.

- Canto pra você.

- Posso encostar meus cabelos no seu rosto.

- Podemos tomar chá e ver o sol se pôr.

- Tentar resolver os mistérios da vida.

- Tomar vinho, um porre daqueles.

- Fazer um bolo de chocolate.

- Morder sua barriga.

- Acordar e ver você dormindo do meu lado.

- Madrugadas inteiras vendo filmes antigos.

- Fotos bobas.

- Cartas de amor ridículas.

- Pelados numa praia.

- Deitados sem fazer nada e pensar em aprender um com o outro as "mil e uma formas de tornar os momentos memoráveis".

- Já estamos fazendo isso.

- Sim. E já está sendo memorável, essa espécie de "lista dos desejos".

- Por quê estamos combinando?

- Porque temos necessidade de planejar?

- Medo de não viver o suficiente para realizar?

- Vou combinar que vou...amar você.

- Um bom combinado. Amarei você também.

- Só por hoje.

- Sim, sempre por hoje.

- Amanhã não importa.

- Ok.

- Ok!









I really miss your hair in my face... And the way your innocence tastes... And I think you should know this: You deserve much better than me !

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Expectativas...


Trampolim para a maioria das coisas na vida.

É o que as expectativas são.

A antecipação dos fatos, das sensações, a excitação prévia, o famoso “frio na barriga” ou “calafrio na nuca” que antecedem alguma coisa, são conseqüências da expectativa gerada em torno de algo ou alguém.


Você quer tanto aquilo, que sofre por antecipação, ou fica nas nuvens por antecipação, ou chora e se descabela antes de realmente acontecer.

E por quê? Porque a mente já está totalmente tomada na ânsia de obter ou viver uma situação. É a maldita expectativa que nós faz ensaiar as falas antes do primeiro encontro, treinar com gelo o primeiro beijo, escutar músicas e sonhar que o que a letra descreve, é o que você quer para a sua vida. Com isso, vem também as dúvidas e o famoso medo de “pisar na bola”.


Mamãe não ensinou que não se deve meter os pés pelas mãos, ou fazer tempestade em copo d’água? Pois é. Mas não funciona assim.


E casos de corpos excitados, é a mesma coisa.

O que você excita na outra pessoa, é a mente dela, em primeiro lugar.

Ela que vai mandar os estímulos para o corpo. São as propostas, os olhares que prometem tudo, as insinuações.


O ato sexual em si, é só uma concretização, do que a mente queria. Válido salientar que não basta saber somente jogar com as palavras, como se fosse um disk sexo 24hrs, mas realmente saber comparecer na hora H. Por isso, temos meninos frustados que vivem no 5x1 porque a little girl não superou a expectativa. Ou meninas que pensam ser melhor se virarem lésbicas, porque o príncipe encantado não sabia fazer nada além de “passar a língua na orelha” dela. Culpa de quem? Nós mesmos e da nossa expectativa fantasiosa, que apenas iludiu nosso corpo com a idéia de tal pessoa, em tal situação seria a perfeição.


Mas, meu amor... Quando a expectativa é superada... Aí é caso de dar casa, comida, roupa lavada e massagem nos pés. Porque o que mais tem por aí são pessoas “Wannabe”.

Superficiais e tolas. E nem percebem que o órgão sexual é a mente. O corpo é resposta. Uma vez comandando a mente, o corpo é cachorrinho adestrado que lambe a mão. Que combinação ein?



Crie uma expectativa e supere ela.

Excitar a mente é afrodisíaco.







“Meu bem, seu pensamento está tendo uma ereção?”

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Era uma garoto ...


Que não amava nem os Beatles nem os Rolling Stones.

Preferia outras bandas de rock.

Tinha 20 e poucos anos. Belo e brilhante.

Gostava de Monet. E de mim.


Tinha amigos e garotas. Muitos amigos e muitas garotas.

Precisava sair aos finais de semana, e se possível todas as noites. Um tipo de gato que já deveria ter sido castrado há muito tempo.

Mas algum dia, deixaram que ele experimentasse os prazeres noturnos de se levar uma vida boêmia. Uma vez experimentado isso, ninguém larga mais.


Para um gato é como vício. Para uma gata é cio.

Libertinagem e sacanagem. Ao menos uma vez por mês, ele tinha que conviver com isso.

Era de sua natureza promíscua.

Ter todas e nenhuma.

Ser de todas e de nenhuma.


Não sabia amar e não iria aprender tão cedo. Fugia dessa lição, como moleque de escola foge do teste oral de gramática.


Mas era bom em matemática: transformava tudo e todas em números em sua lista.

Bom papo. Bom perfume. Charme. Jeito de ser.


Oferecia um céu, mas pagava um inferno a prestação.





Irresistível.











Esse garoto meu bem, vai ferrar você.