domingo, 4 de maio de 2008

Too cold to live too hot to die .


Nem amanheceu ainda, e pra ela é como se o dia já tivesse começado.


Não consegue dormir, fica olhando pro teto, os olhos vidrados, os pensamentos distantes.

Faz frio. Muito frio.

Destilando um rock no velho aparelho de som, todas as músicas são pra ela.

São dela. Afinal o estranho que escreveu aquela letra conhece mais de você do que ninguém.


Uma espécie de ligação estranha, algo do tipo: "nunca te viu e sempre te amou".

Nada e tudo a dizer.

O problema é que ela não dissimula as loucuras soltas pela língua, os pensamentos sem nexo.

Uns 20 anos talvez, e no olhar é como se tivesse bem mais, como se fosse velha demais pra saber.


Um extremo, um medo, uma mentira, uma falsa.

Lábios marcados pelo frio, rachados. Mas um frio gostoso, que você quer desesperadamente sorver em goles homéricos e destemidos. Pernas e braços, bocas e dentes, mãos e línguas, barriga, um corpo inteiro arrepiado sem uma razão de ser.

De ouvir, falar, sentir ou ver.

Apenas de desejar ser.

Ter.








É o gelo queimando o fogo.








E ela não se dá conta disso.

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