domingo, 31 de agosto de 2008

Espelho espelho meu?


- Queria saber quando você diz a verdade.

- É só olhar nos meus olhos. Dizem que são o "espelho da alma".

- Há muito que você já perdeu a sua.

- Tive bons professores. Você principalmente.

- Nunca tive a intenção de ensinar mentiras para você.

- Mas o fez, meu bem...mas o fez.

- Você é meu Frankenstein particular?

- Não amor. Somos Jekyll e Hyde. Médico e monstro. Na verdade, para simplificar, somos espelho e reflexo.

- Sou responsável por cativar você?

- Não, essa culpa é minha. Você é responsável pelo que reflito em você agora. Dou aquilo que recebo.

- O que você recebe?

- Tortura. Amar a quem não ama na mesma proporção, é o pior dos infernos. A diferença é que não questiono mais. Apenas vou fundo nesse inferno.

- E quanto à mim?

- Estou levando junto, minha pequena. Tinha refletido nele todas as frustações, desconfianças e medos.












E agora recebia em suaves prestações o que lhe era de direito:

"quem não sabia amar, não merecia ser amado"














E ele virou reflexo.


Ela, presa no espelho de si mesma.















I don't understand, you've got the eyes of a child but you hurt like a man always do, always do.

sábado, 30 de agosto de 2008

Felino


Ele é um gato.

Tem olhar de gato, andar de gato, jeito de gato.

E como todo gato, é esnobe e só dá carinho quando quer receber também.


Caso contrário, não o procure, ele vai ignorar você quando não quiser nada.

Tem vários amigos, várias amigas (as quais ele já pegou mais da metade, só as feias escaparam, porque afinal, ele escolhe quem quiser) e nenhum amor.


Não aprendeu sobre amor.

Estava ocupado demais em conquistar e destruir, em prometer e não cumprir, em falar mentiras e fingir. Transformou todas as boas meninas nas atuais vagabundas.




Seu amor é a típica mentira sincera que todas querem.

E ele sabe disso.

E é isso que ele dá.

O amor de vagabundo.

Que mente, que engana, que cega.









Mas que vale por todos os outros relacionamentos seguros e tediosos que você já teve.

Porque você sabe desde o ínicio que vai ter um fim e a parte prejudicada será você.

Bom jogador.

Fala o que você quer ouvir e faz o que você quer que ele faça.



Ele lê você, como se fosse um manual de instruções, um livro aberto do qual vai arrancar todas as páginas, uma por uma.


Ele demora uma semana pra ligar, um minuto pra te convencer a sair e um segundo pra fazer você esquecer sua única certeza sobre ele:








Bonitinho...














Mas ORDINÁRIO.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Based on a true story


Cansava de ver todos os dias serem iguais.

Desde a tenra idade, sabia que estava fadada a seguir os passos da mãe.

E seu maior medo, teria forma: encontrar um homem igual ao pai. E ser condenada à pior das mortes: a de si mesma.


Vivendo sempre naquela casa arrumada, que não permitia bagunças nem a mínima sujeira.

A sala de móveis bonitos, os tapetes escovados, os cristais que eram herança de família, juntamente com a vida comum: que também era herança de família.

Um jardim com rosas e lírios, pés de acerola e ameixa, para adoçar o verão da criança daquela casa: que vivendo entre adultos, pensava como um deles.


E se decepcionava desde cedo com o futuro que teria. A mesma frustação. As conversas sem conteúdo de todos os Natais, e aquele ovo de Páscoa do ano passado.

Nem os sabores se renovavam, porque as pessoas não renovam a si mesmas.

E ela crescia, vendo a mãe fazendo as mesmas tarefas domésticas, e o pai as mesmas cobranças. E o amor que existia nos filmes, nos filmes ficavam.

Já sabia o que esperar de todos os dias, a partir do momento que abria os olhos, até a hora de fechar novamente. Esperava apenas, que o dia passasse muito rápido, e que ela pudesse enfim, fechar os olhos e dormir, para encontrar no sonho da criança que ainda vivia nela, algum consolo para a vida que levava.



Cansou de adentrar pela porta daquela cozinha, que cheirava a bolo pão de ló e chocolate, e ver a mãe enxugando com a pontinha da renda do avental, as lágrimas sorrateiras que insistiam em rolar rosto abaixo.


Disfarçava toda vez que via sua pequena olhando com os seus "olhos de jabuticaba" e interrogando.


- Por quê você chora?

- Não é um choro minha pequena, é um lamento de alguém que está muito cansada.

- O que te cansa?

- O que alguns chamam de: vida. Isso me cansa.

- Mas mesmo cansando, vida não é melhor do que a morte?

- Às vezes, a morte oferece um novo começo que a vida não traz mais.






O pai viajou novamente naquela noite, nos bares de então, para buscar com a mesma maneira doentia, uma razão de ser, e um copo de bebida qualquer que o fizesse atrasar a hora de voltar para casa.



A mãe, foi encontrada na mesma noite, banhada em sangue, na banheira bonita do banheiro.


A mesma banheira onde ela dava banho na filha todas as tardes, a mesma banheira que sempre era impecavelmente limpa: Aquele dia, estranhamente, estava imunda com a pior das sujeiras humanas:



A frustação, o comodismo, e o medo de mudar.

Além do sangue quente, que jorrou dos pulsos da bela mulher de 28 anos que resolveu que cortar os pulsos seria a coisa certa a se fazer.














- Mamãe, onde estão os alvejantes, para tirar esta sujeira? Mamãe, me responda...não consigo limpar o que você fez.














E jamais conseguiria.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

"Fileira" do amor


Your love’s like cocaine.

Dopamina pra dopar a mina.

A droga do prazer. E do amor.


Algumas pessoas te tocam o corpo. Outras a alma.

Algumas conseguem a façanha de cativar corpo e mente:



- Penso em você todos os dias.

- É um dos efeitos. Você excita a mente, e depois domina o corpo.

- Uma excitação geral do seu organismo. Melhoro seu estado de alerta, os movimentos, acelere seus pensamentos, tiro seu sono e a única fome que você vai ter é a de me amar.



O apaixonado tem uma sensação de poder, força e euforia.

Mas a pessoa fica também irrequieta, tremula e impaciente.

A duração destes efeitos depende da via de administração da droga. Quanto mais rápida a absorção, mais intensa é a sensação de prazer.


Por outro lado, quanto mais rápida a absorção, menor é a duração dos efeitos. Além da sensação de prazer, a droga leva a temporária perda do apetite e do sono, torna a pessoa mais comunicativa (claro você vai falar dele todos os dias).


O uso crônico e compulsivo da cocaína do amor leva a conseqüências psicológicas, representadas por distúrbios psiquiátricos.

Depressão, ansiedade, irritabilidade, distúrbios do humor e paranóia (onde e com quem ele está?) são as queixas mais comuns das fêmeas apaixonadas. Entre outros problemas estão agressividade, delírios (principalmente os delírios persecutórios, onde a pessoa acredita que os outros estão tramando contra ela ou falando mal: “foi a sua mãe né? Que andou fazendo a sua cabeça contra mim”) e alucinações (“pensa que eu não vi você olhando para aquela outra?).





Quando a dependência se estabelece de forma significativa há perda do interesse por tudo que não estabeleça relação com uso da droga.

O usuário vive para usar a droga.

O apaixonado vive para amar.

E telefonar o dia todo, mesmo que seja pra perguntar o que o ser amado almoçou.














If you wanna hang out you've got to take her out; cocaine.

If you wanna get down, down on the ground; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine.

If you got bad news, you wanna kick them blues; cocaine.

When your day is done and you wanna run; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine.


If your thing is gone and you wanna ride on; cocaine.

Don't forget this fact, you can't get it back; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Prisão ...


De todas as formas de temer algo na vida, o medo de perder quem se ama é um dos mais inexplicáveis.

Amar por si só já é algo fora da compreensão, a ciência não pode explicar, computar os dados, e a teologia, ou "aquele alguém que nós não mencionamos" tampouco.


Vai além.

É como a teoria da evolução.

O que é aceitável, o que se pode explicar ou medir? Ou pior: entender?


Fato é que evoluímos no modo de perguntar demais e aceitar de menos.

Nisso jamais evoluíremos o suficiente.

Sempre sobrará espaço para uma dúvida aqui, uma pergunta lá. Mas a necessidade de tentar compreender é involuntária.


Deixar-se levar e apenas sentir, aí sim: é opcional.


E sem perceber, perder à nós mesmos, é tudo o que queremos.

Ter aquilo que nós dá mais medo de ter, viver aquilo que é mais complicado...

Mas que compensa mais do que qualquer coisa.


Ao inferno com isso.

O medo não é de amar. É de perder o amor.

Sem amor, se vive, inconscientemente, mas vive.


Talvez você não veja tantas cores, ou as músicas não lhe façam tanto sentido.

Mas é quase como se habituar a viver no escuro: o hábito não lhe dá necessidade de luz.


Perder um amor, você não mais vive.

Sobrevive.

Vê mais cores, e as músicas lhe fazem mais sentido.

Mas as mesmas estão sem brilho ou arranhadas.

E você se habitua também ao escuro: mas a necessidade de luz sempre está ali. Enfim. O medo nunca foi de amar. É de perder. Aquilo que faz tão bem, aquela certeza que te faz desconfiar se o seu juízo está mesmo perfeito.


Por isso nos pegamos olhando a outra pessoa, tentando descobrir o que ela fez para mexer tanto conosco.

Teria sido feitiçaria?

Macumba?

Reza braba?

Ou vai ver, foi apenas aquele olhar que ela tem, quando muda a expressão de repente.


E vai do amor à sacanagem.

E todos os muitos "olhares que só fulano ou fulana tem".


- Você tem 4 tipos diferentes de olhares.

- Quais?

- Um quando está entre os amigos, rindo. Outro quando parece uma criança cheia de manha. Mais um quando fica sério, e por último, aquele de que mais gosto.

- Que é...

- O que você dá quando olha para mim.















E nunca tive medo de amar.

É o de perder aquilo que mais prezo:






"Amar você".














Though your world is changing...I will be the same: slave to love.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Far Away...


- Às vezes você está tão longe de mim.

- E você nem deveria perguntar onde estou, pois de qualquer maneira, estou ao seu lado.

- Por quanto tempo?

- Pelo tempo que você deixar. Ou pelo tempo que for necessário.

- Não sei se consigo viver assim.

- Apenas entenda: me amar, é nunca saber o que esperar de mim.












Nada além da totalidade.














Um mundo particular.

Que era só dela.

Ninguém ali entrava, muito menos saía.













Viver assim é solitário, mas reconfortante em certos pontos.













Sempre tinha para onde fugir.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Ao longo da nossa vida...


Ao longo da nossa vida, muitas perguntas surgem e ficam sem respostas.

Acho que a mais comum (e mais impossível de ser respondida) é:


"O que é o amor?"

Já ouvi muitas definições sobre isso. Amigos, desconhecidos, especialistas (aqueles analistas que lançam livros sobre relacionamentos, enquanto o próprio casamento deles desaba) músicos, cientistas e suas pesquisas, sua mãe já deve ter tentado definir, sua vizinha, sua avó que ficou casada durante 50 anos, seu primo garanhão, sua tia neurótica...Até mesmo seu cachorro medroso. Todos já tentaram. E falharam. Fato isso. Partindo do princípio de que algo "supostamente" imensurável não possa ser definido, o que temos são meras colocações ou teorias, filosofias de banheiro.


"Amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas..."

"Amar é renunciar..."


Logo, generalizamos e todos seríamos trouxas e conformados em renunciar ao objeto de adoração.

Rotularíamos tudo e apostaríamos que somente vamos nos envolver com a "pessoa perfeita", em busca da "vida perfeita", dos "filhos perfeitos", da "velhice perfeita" e até mesmo quem sabe começariam as buscas pela "sogra perfeita" (contanto que esta não morasse com você, não aparecesse sempre e não se chamasse Esperança). Perfeição há muito tempo provou ser uma instituição furada, uma regra falha. Quando envolvemos pessoas e sentimentos, não há perfeição ou regras. Existem apenas desejos simples ou complexos. Milhares de músicas falam disso, é o assunto de todas as revistas femininas, das conversas masculinas (intercaladas de sexo e futebol) de anseios juvenis.


Amor não morre.

É apenas modificado. Por isso existem macumbeiras, pra quando o amor se tornar despeito. Existem os venenos, pra quando o amor se tornar loucura suicida.

Existem as terapias em grupo, quando o amor se torna paranóia.

As amigas, pra quando o amor virar choradeira incessante na hora do intervalo.

Os chat's, quando o amor vira desabafo para desconhecidos.

As confissões para o amor penitencioso.

Existe até mesmo o ódio para o amor adoentado.


E above all the things, existem pessoas que jogam a culpa no amor, na simples palavra

A-M-O-R. Quando não percebem que tudo se reflete nelas mesmas, nas ações, nas falhas, nas cartas que você escreve e nunca envia. No término de um namoro. E no simples fato do aprendizado de que tudo é válido, nada é por acaso e que lembranças são extensões de momentos que não podem durar para sempre. Se você é dominado ou se domina, não importa.



Apenas precisa-se SENTIR. Tudo na vida é opcional. Até mesmo o sofrimento.

E optar por sentir e viver oq há pra viver (frase feita, uh?) é a mais simples e complicada das teorias.














Mas...é só uma teoria.














E amor é só abstração de frases feitas.

domingo, 24 de agosto de 2008

A pior mentira...


...É aquela que você conta para você mesmo.

Ou que fala para agradar à outro. Por isso temos, relacionamentos que não duram um mês, amizades que se acabam ao longo do tempo, famílias que se brigam e não se falam por anos.


E insônia de noite, por saber que mentiu.

Eu te amo, como se fosse bom dia.

Juras como se fossem impostos de renda, que você declara.

Promessas que são como dívidas, que primeiro você faz e depois pensa em como pagar.

Ao menos uma única vez, gostaria de pensar que o que falo é real, e o que ouço é verdadeiro.



Mas quando você já mentiu e ouviu mentiras por tantas vezes, perde a capacidade de julgar o que realmente é de verdade. Acredita nas suas próprias mentiras e é isso que transmite à sua volta. Com isso, criamos a ilusão de que tal coisa é real. Virou teia de aranha, um manto de remendos, e mentiras costuradas com nós cegos. E você realmente crê que é vítima quando tudo é desmascarado? Quando a teia se desfaz, e os nós são desatados, sobrou só você, vendo o amor desmoronar, as amizades sumirem e o tempo ficar vazio.


Porque falou por falar, mesmo que apenas com a intenção de retribuir ao que lhe foi dito, mas não era verídico, e assim como o inferno está cheio de boas intenções, muitas pessoas também estão.


Os fofos de plantão. Se encantam em 5 minutos, amam todo mundo, querem todo mundo, mas não sabem amar à um só.

E algo real que é bom, é mais difícil de encontrar que agulha em palheiro.

E somos como cegos em tiroteio.



E aquela casinha de sapé, na rua, na chuva ou na fazenda, é sonho cada vez mais distante.



Mas fique feliz: Café instantâneo também é feito em poucos minutos, e serve quando você está atrasado para o trabalho.


Tudo bem que não tem aquele sabor, mas parece café.

E somos assim. Felizes com a idéia de parecermos ser e sentir alguma coisa mas realmente ser é acessório opcional.

sábado, 23 de agosto de 2008

Desordem


Arrumando algumas coisas, jogando fora outras, de repente você encontra: A antiga caixa de fotos. Cheia de fotos. Muitas fotos.

E muitas lembranças. Logo hoje, que fazia um ano que você havia decidido que tudo o que sentia deveria permanecer naquela caixa.

Mas você também sabia que aquela súbita vontade de arrumar as coisas era uma desculpa inconsciente pra encontrar o que estava procurando desde o começo daquele dia, daquela data: sua caixa de Pandora particular. As fotos da viagem pra praia, do último Natal, do dia dos namorados. Aquelas que você tirou de surpresa dele quando ele estava distraído, as fotos tinham ficado desfocadas porque seu olhar de fotógrafa estava ocupado demais em fotografar o momento na sua mente, infelizmente as máquinas ainda não podiam fazer isso.


Mas você podia e fez isso muito bem.

Tiveram outros depois dele sim.

Mas de algum modo macabro era somente o rosto dele que você queria ver nas chamas da lareira, queimando e se distorcendo nas fotografias como fazia na sua memória.

Só não sabia ao certo ainda se queria mesmo o rosto dele nas chamas do fogo, ou deitado no seu travesseiro.


Cretino.

Sorriu consigo mesma, quando encontrou a foto em que estavam abraçados, em pleno inverno, seu nariz estava vermelho e as bochechas também. Céus, como estava horrível, mas como daria tudo pra voltar nesse dia, ficar com o cabelo despenteado de novo e saber que era feliz ali. Ali.


Naquela droga de abraço viciante. Acho que vou escrever pra você.

Páginas e páginas. Talvez desloque o pulso escrevendo.

E te mande a conta do médico depois. Mas o melhor de tudo será escrever e não te enviar. Vou até finalizar a carta da seguinte maneira:


“...ao ler essas mal traçadas linhas, onde quer que você esteja, e com quem quer que esteja trepando agora, espero que goze de plena saúde e que ao menos durante 30 segundos dessa sua vida ordinária você se lembre que foi comigo que você transou em cima do capô do carro do seu pai, e que mesmo naquela lata velha empoeirada, você era a melhor coisa, afinal, amei você seu bastardo charmoso.”




Pronto.

Iria escrever. Colocar no envelope, selar, e...












Por pra queimar junto com as fotografias.

Ótimo.

Que droga.



Deveria viajar até Bora-Bora e passar um mês lá.

Ou quem sabe uma panela de brigadeiro.

Ou um tiro de auto piedade.




Seria a melhor opção mesmo.














Chame-me de querida.














Não sou sua querida.

domingo, 17 de agosto de 2008

A natureza do meu jogo...


É uma forma de auto defesa.

Sobrevivência.

É magoar para não ser magoada. Ferir para não ser ferida.


Arranhar primeiro, antes de sair totalmente desfigurada dessa briga de gatos. Ao menos, costumava ser assim. Até encontrar alguém que, como ela, gostava de jogar.

E o pior: sabia fazer isso muito bem. Encontrava os pontos fracos, brincava com eles.

Mascarava tudo.

Um lobo em pele de cordeiro.


Criava incógnitas e dúvidas. E como ela gostava disso.

Dos jogos de palavras, das provocações não declaradas, confusões mentais, tudo misturado em beijos molhados, mordidas e sacanagens.


Estavam perdidos.

Ou encontrados.

Impossível prever.


No fundo, queria torturar esse lobo.

Muito.


Até que ele admitisse que a verdadeira jogadora era ela.

Mas ela queria ser torturada, ficar agoniada.


A única coisa que ele esqueceu de prever, foi a diferença existente entre eles: Ela era mentirosa, e iria olhar nos olhos dele, e mentir descaradamente.


Esperava que ele fizesse o mesmo. Para o bem dele. Isso, é claro, se ele não estivesse com a mente confusa e atrapalhada demais, para não esquecer a única certeza que tinha sobre ela:



Era somente um jogo.














E era ela quem sempre vencia.














Mesmo que jogasse sujo, sempre vencia.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Datas especiais...


Oito de agosto de dois mil e oito.

8 do 8 de 2008.

8/8/08.


Um dia especial.

É o que dizem.

As forças do Universo concentradas, um dia, que segundo especialistas (ou desocupados, como prefiro chamar) tudo pode acontecer. Apenas acredite e peça.


Mas que seja positivo, negativo não.

Porque tudo está canalizado em um "plano maior", logo se você pensar negativo, isso também será ampliado.

E nos outros dias?

O "Universo" nos esquece?

As energias estão todas fracas, e é isso que faz com que os dias sejam sempre ruins? Que nada dê certo?


Seria fácil se fosse assim. O que acontece nos outros dias, é que nós mesmos esquecemos de acreditar .

De acordar e desejar que algo mude pra melhor, que aquele dia, seja qual for, valha a pena.

É egoísmo puro, por a culpa toda nessa enorme merda em que estamos, quando os culpados somos nós mesmos.


Quando foi que começamos a buscar sentido nas besteiras que astrólogos falam?

Nas revistas de signos, no horóscopo do jornal?


"Eu sou de Touro, logo, combino perfeitamente com Escorpião, porque nossos ascendentes estão alinhados em Marte."


Ãhm?



E a resposta, ao menos para mim, é a seguinte: Começamos a buscar sentido em qualquer coisas que a mídia mostra, porque fizemos do nosso cotidiano um belo caos. Onde as pessoas não mais se envolvem umas com as outras. Não acreditam mais no seu potencial como costumavam fazer.


Vamos "levando" simplesmente.

Aí quando alguém, nos mostra o óbvio, encontramos um novo sentido. Estamos eternamente com uma venda nos olhos, que nos cega, a qual constantemente, precisa ser retirada. Para que enxergamos novamente o mundo à nossa volta.



Um mundo, onde dois corpos jamais ocupam o mesmo espaço simultaneamente, segundo a Física. Mas que acho válido, que continuemos a tentar fazer com que uma pessoa se encaixe na gente como se fôssemos um .


Resgatar uma conexão perdida entre você e a pessoa do outro lado da rua.


E só pra não passar batido, eu também fiz um "pedido" nesse dia "mágico".


Se não acontecer agora...

Ano que vem terá: 09/09/09.

Ou no ano seguinte: 10/10/10...

E por aí vai.




Já que nada no mundo acontece uma única vez.

Até os maiores fenômenos, se repetem algum dia.














Então, se até mesmo o Universo, acredita em segundas chances, porque nós não fazemos o mesmo?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Is this love?


Sempre me pergunto se vou saber “reconhecer” quando ver ele.

Se ele fosse chegar vestido com um jeans desbotado, camiseta preta velha, jaqueta de couro e bota, com sorriso de David Coverdale no rosto, olhar de Kip Winger, seria fácil de identificar.


Aliás, com essa descrição impossível não perceber.

But ok. O tema não é esse

Amor. A vibe perfeita. The hurricane. O love da sua life. Teu xu. Teu mô. Teu babynho. Teu puta que o pariu.


Ele não vai chegar com hora e lugar marcados. Tipo assim às 2 da manhã na porta da tua casa dizendo que quer te levar pra uma praia e cantar “I’ll Be There For You” enquanto olha nos seus olhos e faz você sentir que aquela letra é uma promessa que ele ta te fazendo.


Seria perfeito. Mas duraria?

Easy come easy go.

Mas invariavelmente é assim que esperamos que aconteça.

Que seja certinho, que faça as coisas direitinhas, que não minta, que te ame verdadeiramente, que não traia, que ame seu gato de estimação e veja “Titanic” com você sem reclamar ou acusar o Leonardo Dicaprio de ser gay.


Talvez os amores mais duradouros sejam os espontâneos, que vem com o tempo, que vai além do beijo molhado ou do sexo gostoso.

Ta na fila do banco, escolhendo filmes com você, comprando leite condensado pra fazer bolo com você, nas fotos idiotas que vocês tiram, na carona que ele te dá quando você tava na chuva saindo da faculdade, no “eu te amo, sabia?” que ele fala no seu ouvido no meio do filme do Rambo, na ansiedade de apresentar ele pra família, no suor na mão quando segura a sua e diz que ta tudo bem mesmo quando ele também ta com medo.


Sabe aquele porre do último sábado quando ele segurou teu cabelo pra você por pra fora todo a vodka que você tomou? Tava ali também.

Mas você não disse obrigada.

Esqueceu de agradecer por ele ser sua rotina mais perfeita, seu cotidiano mais divertido até no dia cinzento de chuva.


Porque a gente não percebe o que acontece à nossa volta, os detalhes, o filme vai passando enquanto você dormiu na poltrona do cinema.


Não é o amor perfeito.

Ou o certo.




É o tipo certo de amor errado!


É amar a pintinha que ela tem em cima da boca.

Ou as covinhas no rosto dele.

O cheiro de roupa limpa.

O abraço que faz suas costelas estalarem.

Simplicidade.

Detalhes.














Um dia vou me pegar pensando em dividir uma pizza de quatro queijos com você. Comer chocolate e lamber seus dedos lambuzados. Fazer sexo na mesa da cozinha, depois tomar banho juntos. E dormir no seu peito, sabendo que você é o amor do meu momento, porque faz parte de uma pequena coisa, cheia de ciclos, problemas e confusões, que atende pelo nome de:














“Vida"

domingo, 3 de agosto de 2008

Meu amor e eu




Meu amor e eu costumamos tomar café juntos todas as manhãs.


Eu, bolo de abacaxi e ele, torta de maçãs.


Meu amor e eu somos legais,


Os mesmos ideais.


E os beijos fraternais.


Meu amor e eu não gostamos de novidade.


Somos a favor da comodidade.


Meu amor e eu temos hora pro sexo:


Porque fazer à qualquer hora não tem nexo.


Meu amor e eu não corremos por aí, nus.


Somos sem graça, cheios de tabus.


Meu amor e eu temos respeito e confiança:


Librianos que seguem na balança.


Meu amor e eu discutimos a relação:


Na nossa coca-cola sempre tem que ter um limão.


Meu amor e eu não tomamos sorvete no inverno.


Não existe a calça jeans, é sempre aquele terno.




Meu amor e eu vamos nos casar.


Porque assim que tem que ser, isso é amar.


Meu amor e eu vamos pra Campos do Jordão.


Eu, Maria, ele, João.


Meu amor e eu nunca colamos em uma prova:


Nada de rock n' roll, sempre bossa nova.


Meu amor e eu vamos nos divorciar!




Ser perfeito não é amar.


Precisa enroscar...


Não concordar...


Brigar...


Perdoar...


Chorar...


Gritar...


Xingar!
















É ir pra cama, sem dizer que ama.


Não precisar de "três palavras" todo dia.


Isso é monotonia.


Amor que é amor, tem sintonia.




No disposto se atraindo, no oposto se distraindo.


É ser sem jeito.


É buscar o que ainda não foi feito.






























Dizer um não, querendo dizer sim:


























Ter alguém que veja o melhor no pior de mim .

A nightmare before...?


Os pesadelos em geral tem uma característica que considero atraente, além de conveniente também: você sempre acorda no momento mais ruim, no auge do medo inconsciente.


No meio de uma quase perseguição.

De um quase assassinato.

Uma quase perda de alguém querido.


Parecido com a vida real.

Com a pequena grande diferença de que na vida real você está sempre acordado, embora repita para si mesmo em muitos momentos: "Isso não está acontecendo, deve ser um pesadelo."


Está acontecendo.

E não há nada que se possa fazer para impedir isso.

Somente enfrentar.

E maldito seja! Como é difícil enfrentar os problemas.

Ou vai ver é uma predicativa minha isso, e eles nem sejam tão complicados, mas eu sou.



Acordar com o coração aos pulos, suando frio e tendo dificuldades pra respirar.



O coração está calmo.

Você não está suando.

E respira perfeitamente.


E já são quase 7 da manhã, todos dormem, o seu recanto particular que antes estava tomado pela mais completa escuridão, já recebe os primeiros clarões do dia. E os seus olhos ainda não conseguem se fechar. E quando todos acordarem para aproveitar o dia, você estará indo dormir. Perdendo o almoço...as conversas à mesa, e se recusando a atender qualquer telefonema.



Tudo em nome do silêncio, da sua própria paz de espírito que ultimamente, admitia, estava custando caro.


Queria apagar, desligar a mente e ficar apenas sozinha, como um corpo sem vida dentro de uma banheira cheia de água.


Lá naquele canto, onde você não precisa sorrir, nem dizer que tudo está bem.

E ficará fácil.


É só esperar a noite chegar de novo, a sala ficar na escuridão, e todos dormirem. Aí suas músicas preferidas vão ser ouvidas, seus filmes serão vistos, e você finalmente sossega o pensamento e escreve o que tem lhe perseguido durante a semana:


Está cada vez mais só.

Mas teme estar começando a gostar disso.














Como acordar do pesadelo no qual sua vida se tornou?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Prices she pays...


Chovia naquela madrugada.
Mais uma daquelas garoas, que você mal pode ver, mas que te deixam imensamente molhado só de ir da sua até a esquina, na loja de conveniência 24hrs para comprar cigarros.
Essas lojas, realmente eram uma boa coisa. 24hrs.
A madrugada inteira, ao seu dispor. Ao dispor de todo seu tédio e insônia.
O que, vendo pelo lado rentável da coisa, você era uma cifra fixa, uma vez que sempre estava lá, como a Cinderela que saía do baile à meia-noite, você atravessava a rua, às 3 da manhã até a esquina, cruzando a curta distância que separava você da prateleira de chocolates, do freezer repleto das suas bebidas preferidas (mas da qual você sempre retirava a mesma garrafa verde) e por fim do caixa, onde estava a mesma loirinha de todas as noites com sua beleza natural e sem graça pronta pra entregar o maço do cigarro, que até ela, já sabia de cor, era o seu preferido. E a conta era sempre a mesma: R$ 11,50.
Seria esse o mísero preço do seu cotidiano? Da sua falta completa de sono, repleta de todo aquele cansaço mental das últimas semanas?

Já havia ouvido por aí (e até mesmo concordava) que as pessoas costumam ter um preço.
Nem sempre pago em dinheiro ou com os famosos cartões de crédito (aqueles das propagandas com as pessoas bonitas que descobrem no final da noite que certas coisas não tem preço). Mas, fato que sempre havia um “porém” naquilo que as pessoas buscam para si.
Os deuses dizem: “pegue, e pague por isso”.
De qualquer forma, pensava ironicamente naquele momento: R$11,50 é um preço relativamente baixo para alguém vender a si mesmo. Vender seu sono e sua, por que não dizer, paz de espírito.

Com essas divagações sem sentido na cabeça, ia refazendo o caminho de volta para o purgatório, retrata-se: casa.
Tira o casaco molhado pela chuva fina (aquela que mesmo que você não veja, te molha até os malditos ossos) sacode o cabelo, assumindo um aspecto deprimente de quem não dorme há semanas e tem os olhos sombreados por olheiras nada atraentes.

Conversa com o gato preto de estimação.
Caminha pela casa às escuras, e acende o cigarro, tragando, sorvendo a nicotina como se fosse um pedaço da sua vida. E na hora, sente os efeitos no pulmão, e sabe automaticamente que amanhã terá que trocar a visita à loja de conveniências, pela farmácia, e se dopar de outra coisa. Tanto faz.

Procura um dvd.
E se cansa do filme na metade. Já sabia o final, e assim como a rotina, a sétima arte não surpreendia mais. Apenas se perguntava, como alguém podia atuar a sua vida, e você ainda ter pagado pra ver ela na TV?

Rindo disso, volta o pensamento para Chaplin e o agradece pelos “tempos modernos”.

E de repente é interrompida pelo bichano se enroscando nas suas pernas, ronronando pra sair e dar a volta noturna que sempre o faz.

Abre a janela, e ele vai, feliz, sabendo exatamente onde quer ir, e pra onde voltar quando sentir fome e a vontade de tomar leite. E nem se importa em fazer o mesmo caminho de todas as noites...

Essa é você.
Quem dera, se toda a felicidade do mundo fosse uma soleira de janela e um passeio.






O problema deveria ser a loja 24hrs.
Ou os infernais R$11,50.