De todas as formas de temer algo na vida, o medo de perder quem se ama é um dos mais inexplicáveis.
Amar por si só já é algo fora da compreensão, a ciência não pode explicar, computar os dados, e a teologia, ou "aquele alguém que nós não mencionamos" tampouco.
Vai além.
É como a teoria da evolução.
O que é aceitável, o que se pode explicar ou medir? Ou pior: entender?
Fato é que evoluímos no modo de perguntar demais e aceitar de menos.
Nisso jamais evoluíremos o suficiente.
Sempre sobrará espaço para uma dúvida aqui, uma pergunta lá. Mas a necessidade de tentar compreender é involuntária.
Deixar-se levar e apenas sentir, aí sim: é opcional.
E sem perceber, perder à nós mesmos, é tudo o que queremos.
Ter aquilo que nós dá mais medo de ter, viver aquilo que é mais complicado...
Mas que compensa mais do que qualquer coisa.
Ao inferno com isso.
O medo não é de amar. É de perder o amor.
Sem amor, se vive, inconscientemente, mas vive.
Talvez você não veja tantas cores, ou as músicas não lhe façam tanto sentido.
Mas é quase como se habituar a viver no escuro: o hábito não lhe dá necessidade de luz.
Perder um amor, você não mais vive.
Sobrevive.
Vê mais cores, e as músicas lhe fazem mais sentido.
Mas as mesmas estão sem brilho ou arranhadas.
E você se habitua também ao escuro: mas a necessidade de luz sempre está ali. Enfim. O medo nunca foi de amar. É de perder. Aquilo que faz tão bem, aquela certeza que te faz desconfiar se o seu juízo está mesmo perfeito.
Por isso nos pegamos olhando a outra pessoa, tentando descobrir o que ela fez para mexer tanto conosco.
Teria sido feitiçaria?
Macumba?
Reza braba?
Ou vai ver, foi apenas aquele olhar que ela tem, quando muda a expressão de repente.
E vai do amor à sacanagem.
E todos os muitos "olhares que só fulano ou fulana tem".
- Você tem 4 tipos diferentes de olhares.
- Quais?
- Um quando está entre os amigos, rindo. Outro quando parece uma criança cheia de manha. Mais um quando fica sério, e por último, aquele de que mais gosto.
- Que é...
- O que você dá quando olha para mim.
E nunca tive medo de amar.
É o de perder aquilo que mais prezo:
"Amar você".
Though your world is changing...I will be the same: slave to love.
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