quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Razões e Motivos


Esses dias, dias desses, quando a balada já vai esvaziando, os casais vão saindo, e seus pés começam a doer no salto fino, você vai pro banheiro, senta e observa, quem entra, quem sai...


E vai viajando nos recantos da sua própria mente deturpada pelo alcoól, já que ele entra, e o "nojo" pelas pessoas sai. Combustão pós-balada.

Mais ou menos isso.

E você relembra, compara os atuais 21 com os (não tão) saudosos (assim) 16.

E constata que sua vida (e quem sabe a das outras pessoas também, já que precisamos de conexões) se divide em duas fases: a época em que tudo que você precisa é de uma razão, e o tempo do motivo.


Doce 16 anos.Você quer mais é provar que pode e sabe tudo, topa todos os desafios, é como um punhado de pólvora, que só precisa de fogo pra explodir e causar estrago, onde tudo que se precisa é de um motivo : pra sair, pra curtir, pra beber, beijar na boca e ter ressaca no dia seguinte e resumir os finais de semana em "babados da hora".


Uma pena, chegar os 17, 18 (quando vodka vira água), 19 (quando cerveja é refrigerante), 20 (quando você experimenta tequila, porque precisa de algo mais forte) e finalmente, o status quo: os 21.

Quando você entra em todas as baladas. Compra qualquer bebida ou cigarro. Ou drogas.

Já experimentou o sexo, e desconexo, e sem nexo.


Aí meu bem, você precisa de uma razão : pra ir até aquela balada, pra vestir aquele vestido curto, fazer a maquiagem, troca a vodka barata, pelo uísque mais caro, seleciona até as bocas que beija (e o telefone que antes você dava pra todos, hoje, você alega não ter) e as poucas risadas que dá.


É na fase da razão, que somos os mais sozinhos do mundo, que relembramos das músicas que escutávamos, das bobagens ditas, e o albúm de fotos antigas nunca teve as páginas tão manuseadas. Porque não é nem saudade o que você sente. É uma tremenda sensação de...perda.



Acima dos amigos, dos paqueras e dos porres que você perdeu, o principal foi ter perdido à si mesmo, o vazio começa a apertar, a garganta aperta, e já deu 6 horas da manhã, e você sai do banheiro, procura sua amiga pra irem embora, e entre todo o caminho que faz de volta até sua casa, só tem um caminho que por mais que se tente (e tentamos!) não se pode voltar atrás:



Quem você foi.


Beneficamente ou não, mudar é preciso.

Mais do que isso!

Inevitável...














E a música do Lulu Santos vira tema: Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pelos próximos 100 anos...


As cartas que você nunca vai enviar para alguém são sempre as melhores que você escreveu.

Porque não merecem serem lidas.

As palavras que você nunca disse quando teve tempo são sempre as mais profundas e loucas que você adoraria gritar aos quatro ventos.

Porque não merecem serem ouvidas.

Os sentimentos que você leva anos para dar para alguém, são os mesmos que levam segundos para serem destruídos pela pessoa que você jamais esperaria que fizesse isso.

Porque você demonstrou cedo demais. Apressou os dias.

As amizades que você mais prezava na vida são as que mais doem quando perdidas.

Porque uma vez perdidas, dificilmente poderão ser recuperadas, e recomeçar de onde parou é quase impossível.


As paixões que foram sua razão de viver por meses a fio são aquelas que você leva pro resto da vida na memória.

Porque devem ficar apenas na memória, foram fases necessárias em sua vida para um aprendizado posterior.

As saudades que você carrega no peito pelas pessoas que nunca mais farão parte de sua vida são as mais dolorosas.

Porque saudade é bom para quem sabe sentir. E você aprende com o tempo, que nunca se sabe ou se sente como gostaria.

Os medos que você traz consigo, poderão se tornar fantasmas, caso você não os exorcize. Logo.

Porque o medo quando bem canalizado, torna-se uma força. Quando você não o supera, vira uma fraqueza.

As esperanças que você reluta em perder são preciosas, te fazem crer que a vida ou as pessoas, ainda prestam.

Porque elas constroem as bases para os sonhos.

As tristezas que tomam conta de você nos dias cinzentos são pedidos de ajuda para si mesmo, para que faça algo por você o mais rápido possível.

Porque a tristeza traz a vontade de lutar pelas alegrias.


As pessoas que te desafiam e irritam, são coadjuvantes na sua trajetória pela vida delas. Talvez sejam os amigos que todo mundo deveria ter de vez em quando.

Porque é delas que virão as maiores verdades da sua vida, mesmo que você não admita isso hoje.

As mágoas que te fazem chorar no travesseiro e te endurecem o coração, e faz você deixar de confiar nas pessoas, são importantes para que você saiba o que não deve fazer para magoar ao outro, como alguém te magoou um dia.

Porque quem retribui mágoa com mágoa, se vingando nos outros, jogando erros e procurando culpados, é egoísta e não merece ter o coração aliviado.

Os pecados que cometemos, ou os que cometeram contra nós, são provas de que somos humanos e como tal, falhamos muitas vezes.

Porque pecar é humano, perdoar é divino.

Os erros que atribuem nossas falhas fazem parte de nossa natureza.

Porque qual a melhor forma de aprender, senão errando e recomeçando?

Os amores que você julga impossível podem te ensinar que o primeiro passo para buscar o inatingível é acreditando que para tudo e todos, existem um tempo e lugar.

Porque para viver, às vezes precisamos apenas de fé.


Horas e horas, palavras e palavras poderiam ser postas aqui, neste exato momento. Mas como sempre, elas não bastariam. Cada um acredita no que lhe é mais fácil. Como quem guarda na mochila, o peso que pode carregar, assim são as verdades absolutas. O universo é feito de pessoas que vivem em seus mundos particulares. Contato. É o que todos precisam ou buscam, para perder seu ponto de referência. Seja na multidão, ou no isolamento imposto.


Talvez, e apenas talvez, o mundo e as pessoas seriam melhores, se entendessem da mesma forma que:Precisamos escrever, o que quisermos, antes que acabem o papel e a caneta. Falar o que for preciso, antes que sua boca fique selada. Sinta tudo o que puder, pois um dia talvez lhe falte sentimento. Seja amigo, pois ninguém vive só. Apaixone-se para ser digno de ser amado. Tenha saudades, porque é um dos sentimentos mais bonitos que existem. Tenha medo, para aprender a dominar e seguir livre. Mantenha a esperança, sem ela não existem sonhos. Conheça a tristeza, para conhecer o benefício de um sorriso, após a dor de uma lágrima. Agradeça a quem te irritar, já que talvez você tenha feito por merecer. Esqueça as mágoas, elas te aprisionam em si mesmo. Peque para aprender o significado do perdão. Erre para descobrir a segunda chance. Ame aquilo que pensa ser impossível, para encontrar o tempo necessário de cada pessoa.
















E se fizer tudo isso, aí sim.
Pode envelhecer, e ser feliz porque aprendeu enquanto havia tempo que estamos aqui, por um único propósito: “Viver a vida”.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Você ligou para o número errado...


Há uns dias atrás, eu estava recebendo chamadas no meu celular de um número desconhecido. Chamadas realmente insistentes, que começaram a me deixar irritada quando nas poucas horas que consigo fechar os olhos para dormir, lá estava o celular tocando. E aquele maldito número.

Odeio chamadas de números desconhecidos.
Não costumo atender. Sei lá por quê. Vai ver é algum tipo de paranóia minha (mais uma?) que me faz pensar nas coisas mais doidas. Ou talvez, eu tenha algo a esconder e temo que alguém algum dia descubra e me ligue dizendo: "Sei quem você é e vi o que você fez."


Exceto pelo fato de que, não fiz nada.
Que tédio. Culpa da adolescência e desses filmes ruins que tinham Jennifer Love Hewitt no elenco.

Bom, resolvi atender a ligação. E poder voltar a dormir.
Era uma mulher, e como se não bastasse me ligar direto, nem era por mim que procurava (quando será que deixei de ser interessante?) e sim por um tal de Joel.
E parecia verdadeiramente interessada nele e tinha urgência em sua voz. Respondi que não poderia ajudar, pois aquele número de celular não era dele. Óbvio que ela não acreditou. Mas ao menos parou de ligar.


Ontem à noite, recebo a seguinte mensagem:
"Como você pôde me enganar com seus beijos, resumindo seu amor e agora nem pode se despedir de mim? Mas amo você, e estou indo embora. Hoje às 23:45hrs. Adeus Joel."

Para alguém com imaginação fértil, isso foi um "prato cheio".
Digo, não passaria pela sua cabeça também, a história dessas pessoas? O que houve entre eles?


Na minha passou. E me distrai horas pensando nisso.
Criando a trama, e como sempre, tinha que ter final trágico. O trágico é mais atraente, e todos gostam mais. Quem gosta de ver os outros felizes? Fato é que, pimenta nos olhos dos outro é refresco e todo mundo toma até a última gota.

Porém, fiquei com pena do tal Joel (nome feio, até pensei em mudar quando escrevesse sobre, mas aí perderia a autenticidade): porque, vejam bem, ele de certa forma, foi injustiçado com isso. Que culpa tem ele, se a garota ligou para o número errado? Talvez ele até mesmo estivesse preocupado com ela, ou algo do tipo, mas um número errado e tudo mudou.

Ele nunca vai saber qual foi a última mensagem que ela deixou pra ele, as palavras ácidas e doces, e ele não teve como se despedir dela (como Bogart e Ingrid Bergmann em Casablanca) ao passo que eu, que nada tenho a ver com a história, vi o suposto desfecho dela. Curioso não?

Um acaso, uma ligação errada, e as coisas mudam.
Que terá ela sentido ao esperar que ele fosse se despedir dela?
E ele? Ainda espera uma chamada?
A espera pode ser ruim às vezes...


E eu, bem...
Fico aqui pensando nisso tudo, sem chegar a uma conclusão satisfatória, e achando graça.

E a pergunta que ela fez, na mensagem, talvez nunca tenha resposta.
E a espera dele, talvez nunca termine.
E apenas talvez, tenha sido melhor assim.















Não adianta buscar uma verdade, e não estar preparado para ela.

domingo, 26 de outubro de 2008

Para o próximo viciado...


Nunca comecei uma carta tão difícil quanto essa.
Aliás, mal sei como começá-la.
Apresentando-me?
Bem, sou alguém que você não conhece, e espero, nunca venha a conhecer.
Também não lhe conheço e não faço questão disso. Mas conheço exatamente o que você sente. Muito bem. Como ninguém jamais o poderia fazê-lo.

Sei as sensações que passam em seu corpo, e na sua mente.
A dependência que aos poucos, está se instalando por você inteira.
E lamento dizer, o efeito é rápido e devastador.
Experimentando, sentindo, acreditando e confirmando que você só é completamente feliz quando está nesse ápice dos sentidos. Quer todos os dias, em doses cada vez mais exageradas, que dopem cada vez mais.

A melhor droga de todas.
Te acelera, te faz sentir prazer, e faz você viajar também.
E o tem o adicional da forma inusitada: não é em pó, nem uma balinha ou muito menos erva.

É um alguém.
O jeito, o corpo, e tudo o que essa pessoa, tão generosamente proporciona.

O que tenho para dizer é: aproveite o máximo que puder.
Parece um conselho tolo ou invejoso. Mas acredite-me: não é.
Talvez nem seja um conselho na verdade, pode ser só uma frase solta, dessas que a gente nunca consegue prender na boca sabe?

Devore a boca. Mas não somente ela.
Repare da leve cicatriz no lábio superior.
Sinta aquele perfume tão bom. Mas não somente ele.
Repare na pele arrepiada do pescoço, toda vez que você passa as unhas de leve.
Ouça com atenção àquela voz. Mas não somente ela.
Repare nas palavras que de tão doces, podem ficar ácidas.

E faça isso por todo o resto.
Assim, passa a ver os defeitos, e não somente as qualidades.
Ame primeiramente, o lado ruim desse alguém.
Para que se surpreenda depois, com o lado bom.


Se doe por completo. Sem anular à si próprio.

E em momento algum, prometa-me, faça o que eu fiz:













Destruí.

sábado, 25 de outubro de 2008

All we need is...time?


Quem já não ouviu a frase: “O tempo é inimigo”.

E sempre concordamos com ela, certo?

Bem, eu pelo menos já me peguei amaldiçoando o tempo várias vezes. O curioso é que sempre desejamos ter mais tempo, para tudo.


Pros amigos. Família. Amores. Pro trabalho. Faculdade. Ou vestibular.

Ou para os que não tem tantas responsabilidades, mas desejam sempre mais tempo pra brincar de futebol com os amigos, bonecas com as amigas, tomar sorvete, ou terminar o extenso dever de matemática.


Talvez a “verdade” (entre aspas mesmo, porque não é certo crer que existe verdade absoluta na vida) seja que o tempo na verdade é amigo, aliado.


Mas como em muitas situações da vida, nem sempre, amigo é aquele que você vê, ou que sempre te faz coisas boas e te ajuda.

Em muitas vezes, o mesmo te joga verdades na cara, briga com você, para que você entenda que amigo mesmo, é aquele que mostra que a vida tem dois lados: bom e ruim.

O tempo é assim. Temos uma relação de amizade com ele, daquelas amizades que te acompanham a vida toda e não deixam você só em nenhum momento, e está lá pra te lembrar, que você tem que aproveitar a vida o máximo que puder, fazer valer a pena.


Um amigo do tipo calado, que não manifesta opiniões, mas demonstra em ações.

Às vezes um pouco cínico e cruel, de personalidade forte, que não hesita em trazer a realidade à tona pra você. E mostra isso de um jeito (e é por esse “jeito” que classificamos o tempo como inimigo) pouco convencional.


Faz a gente se torturar, procurando mil jeitos de se desdobrar pra fazer tudo o que deve ser feito, e dizer tudo o que tem que ser dito.

E se não fazemos isso, somos castigados, com as dúvidas e o arrependimento. E aquela sensação que todo mundo conhece como: “e se eu tivesse feito isso? Não tive tempo”.


Assim como a amizade e o amor, o tempo precisa ser conquistado e bem aproveitado.

Para que possamos ter certeza de que valeu a pena.

Porque foi difícil de conseguir.

Como a garota mais bonita da festa, que você finalmente conseguiu beijar, ou o garoto mais popular que te convidou pro baile de formatura.

Foi preciso que você conquistasse.

O tempo é professor. Ensina que se você deixa a vida passar em branco, você reprova e não aprende a lição.

O tempo é como pai e mãe. Te dá conselhos que você não entende bem agora, mas percebe que era verdade depois de quebrar a cara.

É namorado. Cobra atenção e dedicação, porque senão a relação não desabrocha.

É remédio. Cura as feridas e ameniza as dores.

É irmão mais novo. Você briga, pensa que detesta, mas não vive sem.


E é principalmente: valoroso.

Quem não acha beijo de saudade mais gostoso? Ver amigos que faz tempo que você não vê? Dizer “eu te amo” nas horas mais inesperadas? É o tempo que faz com que vivamos tudo isso. Por um simples detalhe: Ele não é eterno.
















“Quando disser adeus a alguém, faça com palavras carinhosas, pode ser a última vez que você vê essa pessoa”.

domingo, 19 de outubro de 2008

Trevas


Era praticamente uma terapia mergulhar o corpo agradavelmente dolorido na água quente da banheira. Que diabo de dia horrível.


Além do frio cortante, do trabalho monótono, das aulas longas e das pessoas que falam sobre a vida alheia com mais facilidade do que falam da sua própria, ainda estava sem cigarro e o uísque da coleção particular do seu pai já tinha acabado há muito.


Fecha os olhos, inclina a cabeça e suspira, pensando no dia, no sentido daquele dia tão ruim. “Nada como um dia após o outro”.

Baboseira.

O que interessa é o agora, amanhã é muito longe e ontem nem existiu, mas hoje, nesse instante um sentido seria algo interessante.

A água vai aquecendo o corpo e os pensamentos.

E na sua memória, ele ainda existe, é impossível não pensar nele por pelo menos trinta segundos todos os dias, é como um mau hábito, um defeito imutável, que está sempre lá, e de repente emerge com força total.


Quanto tempo desde a última vez?

Alguns anos, alguns dias, algumas semanas, algumas horas e alguns segundos.

Você sabe exatamente, seu corpo sabe, pois cada poro dele sentiu falta do toque e da sensação.

O dia não foi ruim pelo frio cortante, inverno sempre foi sua estação preferida, você tem um bom emprego, as aulas costumavam ser prazerosas, e as pessoas monótonas eram seus amigos.


Você não fumava e não gostava de uísque, porque descia cortando a garganta.

Mas suas mãos precisavam ficar ocupadas, e o cigarro agora encaixa perfeito entre seus dedos, e a bebida que queimava antes, desce macia, pois na sua garganta tem um nó.


Abre os olhos, e sua visão é embaçada, você pisca incessantemente, mas elas insistem em rolar, e você se permite chorar, e soluçar, e de repente você começa a rir, num paradoxo patético e confuso.


Tremendo, de nervosismo e frio, porque a água já esfriou e você sente no corpo os efeitos da sua divagação, que junto com uma possível gripe pra melhorar seu quadro atual, vem também uma constatação: Você está com saudade.


Sempre esteve, mas seu sério problema de não admitir as coisas não te deixou ver isso, e horrorizada, você levanta da banheira, com as pernas trêmulas, e com mãos nervosas enxuga o corpo arrepiado, e quando ousa levantar os olhos, vê sua imagem no espelho, e é uma estranha te encarando, ou pelo menos encarando o que você é agora:















Uma sombra.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Uma carta para Caroline


Foi minha melhor amiga no ginásio.

Sabe aquela pessoa meiga, que acredita em todo mundo, e sempre pensa que todos tem algo de bom?


Era ela.

Tínhamos uns 14 anos na época, e hoje, 6 anos depois, me lembrei dela.

Que rumo tomou na vida, o que faz hoje em dia. Não tenho mais o telefone nem o endereço.

Será que ela ainda tem o hábito de andar de bicicleta e ajudar a mãe a fazer o almoço?


Sempre fui péssima para andar de bicicleta. Nem vou falar nada sobre ajudar a fazer o almoço. Brigava com ela quase todo dia. Meiguice em excesso é algo que me irrita até hoje.


Porque às vezes é uma fraqueza, e tenho que teimar em cuidar de todos aqueles que gosto.

Se alguém magoava Carol, eu brigava mais ainda com ela, magoando mais para ensinar ela que deveria se defender. Erro monstruoso esse meu.

Ela precisava de conforto e da minha amizade. Mas nunca disse nada.


Sorria e prometia que da próxima vez seria mais forte.

Mas nunca cumpriu.

Algumas pessoas nascem com o dom de esperar que algum dia as pessoas serão para ela, como ela é com os outros.

Espera sempre que haja reciprocidade nos relacionamentos.


Quem dera assim o fosse. Outras pessoas, não sabem esperar e resolvem que não dão nada para ninguém sem que receba primeiro. Não existia o "dar e receber".

Dê primeiro para receber depois.


Mas também esperava que houvesse reciprocidade. Como conseguir isso, sem se doar ou sem se anular? Acho que foi assim que nossa amizade se perdeu no tempo.


Caroline se anulava.

Eu não me entregava por nada. Nem por amizade nenhuma.


Ao menos, Carol acreditava nas pessoas, e ainda hoje, espero que acredite.

Pois há muito, esqueci de fazer isso...

E quem não confia, não merece confiança.

E vai ao longo do tempo, perdendo aquilo que tem hoje.


Porque não sabe preparar para amanhã.

E faz o que eu odiava que Caroline fazia:


"Prometo que da próxima serei diferente".

















A próxima vez pode nunca chegar.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Vinho e divagação


De madrugada.

De pijama.

De tédio.

À toa. E usando meias.


Ouvindo Roberto e Erasmo. Djavan e Bethânia.

Talvez seja horrível, ou até mesmo brega. Deveria ouvir Depeche Mode, pra me sentir depressiva cantando em inglês. É mais bonito. E ainda, mais do que talvez isso seja uma vertente da minha personalidade. Enchendo uma taça de vinho, até quase transbordar, e sugar com a boca o resto de vinho que ainda fica na garrafa e teima em não caber no copo. Enchendo também, a cabeça de pensamentos nada agradáveis. até QUASE transbordar.


O resto de pensamento que ainda sobrar na cabeça, vai junto pra garganta com aquele vinho que não coube no copo.

De todas as coisas, a depressão é a única coisa que não posso deixar transbordar.

Só as palavras.

Que eu queria que transcrevessem tudo aquilo que aflige a mente. E como um ácido, fizesse arder. Uma gastrite de pensamentos, que de tão hediondos, às vezes fazem doer o estômago.

E me deixa doente, fazendo uma rima tão manjada quanta aquela do filme: "As 10 coisas que eu odeio em você".


E é dessas rimas que todos gostam. Mas como descrever que vejo o sinônimo que define minha vida? Comum. E com sarcasmo e horror, reparo que tudo aquilo que falo, que cobro das pessoas que vivem comigo, é só um reflexo do que mais odeio em mim: meu jeito comum de ser. Nada de grandioso.


Por isso encho a boca pra falar dos "detalhes".

Nada de interessante. Cuspindo teorias sobre as "coisas simples da vida".

Nenhum amor. E berrando aos quatro ventos sobre os "doces momentos da vida à dois". Ousando comentar que já vivi algo mais intenso do que as meninas que estudaram comigo. Quando, na verdade, me prendi demais aos livros e dicionários, e elas foram viver.


Fiquei um pouco inteligente. De certo ponto de vista, elas mais burras. Ou eu mais invejosa. Ou questionadora: "por quê, a vida é tão mais fácil para alguns?"

E a resposta é uma só: também sou burra, ao final das contas.


E aquelas linhas que quando lidas, me fizeram tanto sentido, hoje, agorinha, com todo esse vinho fervendo no sangue, me dão nojo.

Porque tornou a existência mais complicada.

O preocupante deste quadro, é que acabo por convencer alguém, das mentiras que escrevo e falo. E nem lamento.


Convencer-se das mentiras que lhe agradam é opção sua.

E estranhamente, espero que como uma ressaca, esse cansaço da vida também suma.

Com algumas aspirinas, uma saída na noite vazia, e uma risada oca.


Pra ocultar como estou agora: desejando estar de TPM pra poder acusar o corpo de torturar a mente, sem razão de ser.


Mas não estou neste período.

Infelizmente.

E a culpa é apenas minha.



Quem sabe amanhã, essa bipolaridade me abandone e eu volte a escrever e discursar sobre o clichê que tanto agrada à outrem?















O ponto é que: estar bêbada, me deixa sóbria.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lembranças do colegial


Ao contrário do que dizia no poema do Casimiro de Abreu:

“Que saudades que tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais. Que amor! Que sonhos!”


Não sentia falta dessa aurora.

Nem do amor e dos sonhos. Até porque, foi o tipo de criança que não tinha muitos amigos e não brincava de boneca.


Brincava de ler livros para aprender a confundir os outros.

Que vez ou outra, se aproximavam dela para rir do seu jeito calado, da falta de experiência com os meninos, e da falta de graça nos traços do rosto dela.

Menina de óculos, baixinha e gordinha.


Mas talvez houvesse boa pessoa dentro dela.

Mas crianças podem ser extremamente cruéis. E foram com ela. De todos que ela aprendeu a detestar, lembrava nitidamente de uma menina. A popular. Se houvesse concurso para participar de um filme americano, de enredo manjado, e fazer papel de líder de torcida, ela ganharia disparado.


Magra.

Bonita.

Passava no corredor, e o torcicolo era geral.


Demorava a entender as matérias, mas compreendia rapidamente alguma sacanagem.

Tinha beijado na boca muito cedo, e talvez já tivesse perdido a virgindade antes mesmo de saber o que era.



Dez anos. Foi o tempo que passou. O patinho feio, não era mais tão feio. Longe de ser cisne ainda, mas ainda assim, muito melhor do que foi um dia.


Aprendeu a manha de conquistar as pessoas.

Era divertida, e irônica.

Inteligente e falava bem.







Tinha um emprego legal, fazia faculdade.

E viajava sempre.

Bebia melhor do que qualquer líder de torcida.

E não tinha garoto que não podia conquistar.





A garota popular?

Engordou.

Engravidou do mesmo namorado bonito da época do colegial. E até hoje não recebia pensão do pai da criança. Não conhecia lugar nenhum. E continuava sem entender as matérias. Enquanto uns evoluem, outros continuam iguais. E serão sempre, medíocres.





















Oi, tudo bom? Lembra de mim? Eu era sem graça, e você ria de mim, e mesmo eu nunca participando da lista das mais bonitas da sala, hoje sou melhor do que você jamais será.”

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O meu amigo secreto é?


“Uma pessoa muito legal, amiga, divertida, gosto muito dele.”

Todo ano era assim.

A revelação sempre começava com essa frase feita. Principalmente na escola. Costumava ter a “sorte” de pegar sempre algum colega do qual não gostava.

E tinha que descobrir um modo de revelar, e um presente para entregar.

O irônico da situação, era que o tempo passava, e mesmo hoje em dia, não declaradamente, ainda acontecia o “amigo secreto.”


Todas as pessoas que ela conhecia na vida, eram, de algum modo, seus amigos secretos.

Sempre acabam revelando coisas boas ou não para ela.

Às vezes revelavam uma qualidade que não se acha mais hoje em dia, outra vezes, eram defeitos ou falhas de caráter imperdoáveis.


Mas a revelação sempre acontecia. Uma dúvida que a acometia de vez em quando era: o quanto revelava sobre si para alguém?


Era difícil saber.

Ou pior: o quanto realmente sabia de certa pessoa, era mais complexo ainda.

Bem se dizia que podemos passar uma vida toda com alguém, sem conhecer metade do que aquela pessoa é, ou do que pode ser, ou principalmente: o quanto significa para a gente. Geralmente esse é critério na hora de comprar o presente do amigo secreto: O valor que a pessoa tinha para ela, era demonstrado na forma que escolhia o presente.


Sempre optava pela caixa de chocolates.

Um bombom para adoçar a vida.

Todo mundo gosta.

E mesmo aqueles com quem não me dava muito bem, também ganhavam chocolate.


Atualmente, caso você resolva analisá-la, vai perceber que isso é um dos seus maiores defeitos: Colocar todos no mesmo nível de importância.

Gostar de todos por igual?

Não, analise um pouco mais.

Não gostar de nenhum em especial.


Talvez fosse isso que o chocolate representava. Sua falta de doçura com algumas pessoas, encontradas em abundância no doce calórico. O grande problema é que pensando sempre em amigos secretos, não lhe vinha nada em mente melhor para presentear. Chocolates, porta-retratos, e todas as demais coisas sem graça que pessoas dão nessas ocasiões. Aprender a valorizar realmente um amigo secreto é algo que ela não tinha aprendido ainda.


Reciprocidade também. É loucura dar tão pouco pra alguém e esperar que a outra pessoa dê tudo. É o que costumava fazer.

Fazia pouco, e cobrava muito.

Não dava nada e queria tudo.


Egoísmo é a palavra.






É.














No final das contas, uma caixa de chocolates era tudo o que ela merecia.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O embrulho do presente passado ...


Os dias em que fico extremamente calma e racional, são os dias em que me odeio.

Fico distante...


...de você.


E insisto sempre em ser parecida com aquele animal que procura no lixo, algo pra comer, eu procuro, e acho no seu lixo particular, algo que me envenena, e me faz ver que você é comum.


Não espero um robô saindo de um laboratório, sem passado, caia na minha vida e comece a viver no dia em que me conheceu.

Só espero que você passe na papelaria mais próxima, e compre um embrulho novo.

Um papel diferente.


Não esse em que você está: amassado e sem brilho.


O papel de presente do relacionamento anterior.

Com as mesmas promessas, juras e planos.

Por favor, me convença.

Invente, tente, faça diferente.

Tenha um passado, mas não use ele como um ciclo, que é o que você faz.



EXPECTATIVA.


Você faz planos sempre.

Você sempre se entrega.

Você sempre "adora alguém como nunca achou que iria adorar".

Você sempre "pensa em alguém o dia todo como nunca fez antes".


E tem medo de "perder alguém que nunca teve antes".

Ou seja: Você não conhece novidades, somente repetições. E repete "the same old story".

Como tocar sempre a mesma nota no piano, não conhece melodias nem sinfonias novas.


Não quero fazer parte disso. Minha tolice não concebe compartilhar o mesmo velho sentimento infantil que você já teve tantas vezes.


Sem contar que você se recompõe rápido.

Intensidade.

Nunca rimou com novidade.


Mas combina às mil maravilhas com comodidade.

Adora hoje, esquece amanhã, e adorará a próxima mais rapidamente ainda.

E vai ser com loucura.



Meu bem: Você não sabe o que é ser louco.










Espero que aprende a ser.

Insano.

Como nunca foi antes.





Só sabe falar o que todos querem ouvir.














Enjoei.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O motivo eu já nem sei...


- Dormir com você é como dormir com uma criança inquieta. Você é braços e pernas, toda movimento.

- Sou como uma criança?

- Em certos momentos você é.

- E em outros momentos?

- Você é inquieta.

- Logo, você me diz que sou, de fato, uma criança inquieta.

- Não amor. Disse que você é criança e inquieta.

- Quando sou criança?

- Agora mesmo, com sua curiosidade ferina, esperando que eu me traia no que falo para você poder me atacar.

- E inquieta?

- Também agora. Interiormente você está inquieta porque ainda não conseguiu me ferir.

- “Louco amor meu, que quando toca fere, e quando fere, vibra!”

- Vinicius de Moraes. Soneto de maior amor.

- O meu amor.

- Minha pequena, você vibra quando me fere?

- De algum modo perverso e egoísta, sim.

- Admite então que perversidade e egoísmo são defeitos seus?

- Amargamente, admito.

- Você não gosta de admitir?

- Não!

- Outro defeito.

- Você já tem uma lista.

- Já tenho você.

- Criança, inquieta, perversa, egoísta e orgulhosa.

- E pelos diabos menina! Como amo você!

- Com todos esses defeitos que me caracterizam?

- Com esses defeitos que te compreende em uma palavra.

- Qual?

- Mulher.



Era seu jeito de criança, com todos os risos e doçura, a inquietude perturbadora que faz meu coração vibrar, sua perversidade maliciosa que me confunde, o egoísmo apaixonado que te faz lutar pelo que deseja, pois não suporta perder o que ama, e seu orgulho divertido que te faz cega pra uma única certeza:






Conhecer você é amar você.

Meu coração pode amar aquilo que meus olhos desprezam, mas ainda assim, ama se apaixonar.








Shakespeare sabia.














Você também vai saber.














Ainda.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Little things about her...


Era como qualquer outra pessoa. Tinha os mesmos hábitos, algumas manias, qualidade e defeitos. Totalmente normal, comum e sem graça, como costumavam ser todas as pessoas do mundo.

Andava de ônibus, fazia compras, tomava café, adorava banhos demorados, viciada em seriados, amava os amigos verdadeiros, e admitia, tinha também, alguns problemas com a palavra: mudança.

De casa, de escola, número de sapato, até possivelmente, da marca do absorvente. E principalmente, das pessoas em sua vida: sempre indo e vindo, como se sua vida fosse uma eterna catraca decadente de metrô, uns chegando, outros saindo.

Não sabia lidar com isso. Gostava de ter constância.
Para quê renovar sempre, se o jeito como tudo se encontra, está bom? Como em viradas de ano, é tempo de se renovar...
Pra quê?
O ano que passou foi tão bom porque não simplesmente continuar agindo igual? Afinal, em time que está ganhando, não se mexe.

Ou não?

O fato, é que por conta disso, da inscontância de tudo e todos, diferente de alguns, aprendeu a somente confiar em si mesmo, a receber antes de dar. Sem reciprocidade alguma. Adotou uma postura vingativa em relação ao mundo. Só iria retribuir, aquilo que lhe oferecessem primeiro.

Era mais seguro, racional e absolutamente plausível.
Mas de certa forma, incrivelmente solitário também.

Ainda acreditava nos velhos e desgastados sonhos.
Nas esperanças, que de esperançosas nada tinham.
E mesmo que jurasse, que em nada acreditava, isso também implica em acreditar em alguma coisa. No nada, no vazio.

Adorava livros de romance, músicas e filmes.
Estrelas e luar, palavras escritas na areia e levadas pelas ondas.
Gostava de Natal, Páscoa e do sorriso da priminha de 4 anos.
De brigadeiro na panela, de inverno embaixo do cobertor.

E assim sendo, alguém que ainda tem esses resquícios, embora que trêmulos e foscos como chamas que vão se apagando aos poucos, seria uma desacreditada do amor e afins?







Não.
No amor acreditava.














Nas pessoas não.

domingo, 21 de setembro de 2008

Diálogos


- Não deveríamos ser o casal perfeito?

- Isso poderia ser possível?

- Não sei, mas ao menos tentar pode ser divertido.

- E o que eu deveria fazer?

- Me dê chocolates, flores, me faça promessas que não pretende cumprir, coisas assim.

- E o que você fará?

- Vou engordar com os chocolates, chorar quando as flores murcharem, e culpar minha estupidez para justificar as promessas que não foram cumpridas.

- De onde isso pode ser perfeito?

- É o que dizem por aí, correm boatos de que funciona por uns 3 ou 4 meses.

- Entendi! Que acha de termos uma música só nossa, e darmos apelidos carinhosos um ao outro?

- Ótima idéia! Você realmente pegou o "espírito da coisa".

- Claro, você sabe que quando estamos entediados fazemos qualquer coisa pra melhorar isso...

- Realmente. E o desfecho disso?

- "Our first love never dies"?

- Clichê ein?

- Tem uma sugestão melhor?

- Possivelmente. Que acha de Romeu e Julieta? É poético.

- Hum...não sei. Eu pensei em algo mais real, entende? Do tipo: eu dormir com sua melhor amiga, e você me sacanear por aí, como se fôssemos dois filhas da puta. Que lhe parece?

- Bem cotidiano. Sem novidades nem surpresas. Pode ser feito.

- Topa?

- Ok!














E de fato, os primeiros amores não morrem: pois são os próprios.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Encaixe




Era um dia de reunião em família.



Aqueles dias em que você já está de ressaca, sem ao menos ter tomado uma única gota de álcool. A cabeça já estava latejando, a irritação já estava pendendo para os lados da ironia e o bom humor, ameaçava ficar negro.






Cada um que chegava, era um beijo no rosto.



Um abraço.



E uma intromissão velada.



O assunto à mesa era sempre o mesmo:






Namorados, estudos, trabalho...









Primeiro “round”.



Não namorava. Mas sozinha nunca estava.



Estudar era sempre opcional. Nem caderno usava na faculdade.



Trabalho...Bem, a única coisa que realmente importava era que no final do mês teria dinheiro.






E como explicar, que gostava de ser solteira, casar não estava em seus planos, e crianças com o nariz escorrendo não lhe fascinavam?



Como explicar que, embora não anotasse nada na faculdade, aprendia muito e passava sempre direto?



E que trabalho tinha apenas um propósito: dinheiro.






De cara, já era considerada sem moral, sem interesse e meramente capitalista.



E de fato era.



Não queria a moral que a família tinha.



Não queria o interesse em relação a vida que eles tinham.



E muito menos, queria se contentar com pouco como eles o faziam.






Queria bebida, diversão e arte.



Casar, reproduzir e deixar de lado desejos, não fazia seu tipo.



Iria além.






Alguns se contentavam em olhar para a frente e ver um horizonte.



Outros, tinham que descobrir o que vinha depois do horizonte.









Dizem que a fruta não cai muito longe da árvore.



E se a árvore estiver no topo de uma montanha?



O fruto vai rolar, e cair lá embaixo.









E estará sempre, distante.










































“Estar sozinho no meio da multidão, é uma forma inconsciente de buscar algo que valha a pena.”

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Tão longe...de mim distante...onde está, onde está teu pensamento?

Todos os dias, você tem que se obrigar a fazer as coisas que fazia desde sempre, e tem vezes que até a tarefa mais simples, é um sacríficio para ser realizada.

Cada pedaço do corpo dói, e a sua vontade de se enfiar embaixo da cama e dormir por um bom tempo se intensifica cada vez mais.

Quando você dorme não é obrigado a sorrir sem vontade, nem a fazer o que não quer, e a fingir sempre que está tudo bem, quando nada está onde ou como deveria ser.

E a vontade que impera é uma só: fazer as malas e ir pra bem longe.

Pro único lugar no mundo em que você se encaixa. Porque de todos os perfumes que você sente, todos os toques, beijos e abraços que conhece, só existe um tipo que você aceita.

E de todas as formas de amar à alguém, fazê-lo longe de quem queremos é um inferno refrescante: porque é um tormento amar assim, você se perde em incertezas e ciúmes, mas no final do dia, ouvir a voz e ver o rosto da pessoa, mesmo que na tela fria do computador, te acalma de um modo inexplicável.

E é só assim que você consegue acordar pro dia seguinte, porque todo dia que passa é mais um que você venceu pra ter a recompensa depois:













Ter você só pra mim, e sentir saudades todo dia, porque mesmo tendo você, nunca consigo o suficiente.

domingo, 31 de agosto de 2008

Espelho espelho meu?


- Queria saber quando você diz a verdade.

- É só olhar nos meus olhos. Dizem que são o "espelho da alma".

- Há muito que você já perdeu a sua.

- Tive bons professores. Você principalmente.

- Nunca tive a intenção de ensinar mentiras para você.

- Mas o fez, meu bem...mas o fez.

- Você é meu Frankenstein particular?

- Não amor. Somos Jekyll e Hyde. Médico e monstro. Na verdade, para simplificar, somos espelho e reflexo.

- Sou responsável por cativar você?

- Não, essa culpa é minha. Você é responsável pelo que reflito em você agora. Dou aquilo que recebo.

- O que você recebe?

- Tortura. Amar a quem não ama na mesma proporção, é o pior dos infernos. A diferença é que não questiono mais. Apenas vou fundo nesse inferno.

- E quanto à mim?

- Estou levando junto, minha pequena. Tinha refletido nele todas as frustações, desconfianças e medos.












E agora recebia em suaves prestações o que lhe era de direito:

"quem não sabia amar, não merecia ser amado"














E ele virou reflexo.


Ela, presa no espelho de si mesma.















I don't understand, you've got the eyes of a child but you hurt like a man always do, always do.

sábado, 30 de agosto de 2008

Felino


Ele é um gato.

Tem olhar de gato, andar de gato, jeito de gato.

E como todo gato, é esnobe e só dá carinho quando quer receber também.


Caso contrário, não o procure, ele vai ignorar você quando não quiser nada.

Tem vários amigos, várias amigas (as quais ele já pegou mais da metade, só as feias escaparam, porque afinal, ele escolhe quem quiser) e nenhum amor.


Não aprendeu sobre amor.

Estava ocupado demais em conquistar e destruir, em prometer e não cumprir, em falar mentiras e fingir. Transformou todas as boas meninas nas atuais vagabundas.




Seu amor é a típica mentira sincera que todas querem.

E ele sabe disso.

E é isso que ele dá.

O amor de vagabundo.

Que mente, que engana, que cega.









Mas que vale por todos os outros relacionamentos seguros e tediosos que você já teve.

Porque você sabe desde o ínicio que vai ter um fim e a parte prejudicada será você.

Bom jogador.

Fala o que você quer ouvir e faz o que você quer que ele faça.



Ele lê você, como se fosse um manual de instruções, um livro aberto do qual vai arrancar todas as páginas, uma por uma.


Ele demora uma semana pra ligar, um minuto pra te convencer a sair e um segundo pra fazer você esquecer sua única certeza sobre ele:








Bonitinho...














Mas ORDINÁRIO.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Based on a true story


Cansava de ver todos os dias serem iguais.

Desde a tenra idade, sabia que estava fadada a seguir os passos da mãe.

E seu maior medo, teria forma: encontrar um homem igual ao pai. E ser condenada à pior das mortes: a de si mesma.


Vivendo sempre naquela casa arrumada, que não permitia bagunças nem a mínima sujeira.

A sala de móveis bonitos, os tapetes escovados, os cristais que eram herança de família, juntamente com a vida comum: que também era herança de família.

Um jardim com rosas e lírios, pés de acerola e ameixa, para adoçar o verão da criança daquela casa: que vivendo entre adultos, pensava como um deles.


E se decepcionava desde cedo com o futuro que teria. A mesma frustação. As conversas sem conteúdo de todos os Natais, e aquele ovo de Páscoa do ano passado.

Nem os sabores se renovavam, porque as pessoas não renovam a si mesmas.

E ela crescia, vendo a mãe fazendo as mesmas tarefas domésticas, e o pai as mesmas cobranças. E o amor que existia nos filmes, nos filmes ficavam.

Já sabia o que esperar de todos os dias, a partir do momento que abria os olhos, até a hora de fechar novamente. Esperava apenas, que o dia passasse muito rápido, e que ela pudesse enfim, fechar os olhos e dormir, para encontrar no sonho da criança que ainda vivia nela, algum consolo para a vida que levava.



Cansou de adentrar pela porta daquela cozinha, que cheirava a bolo pão de ló e chocolate, e ver a mãe enxugando com a pontinha da renda do avental, as lágrimas sorrateiras que insistiam em rolar rosto abaixo.


Disfarçava toda vez que via sua pequena olhando com os seus "olhos de jabuticaba" e interrogando.


- Por quê você chora?

- Não é um choro minha pequena, é um lamento de alguém que está muito cansada.

- O que te cansa?

- O que alguns chamam de: vida. Isso me cansa.

- Mas mesmo cansando, vida não é melhor do que a morte?

- Às vezes, a morte oferece um novo começo que a vida não traz mais.






O pai viajou novamente naquela noite, nos bares de então, para buscar com a mesma maneira doentia, uma razão de ser, e um copo de bebida qualquer que o fizesse atrasar a hora de voltar para casa.



A mãe, foi encontrada na mesma noite, banhada em sangue, na banheira bonita do banheiro.


A mesma banheira onde ela dava banho na filha todas as tardes, a mesma banheira que sempre era impecavelmente limpa: Aquele dia, estranhamente, estava imunda com a pior das sujeiras humanas:



A frustação, o comodismo, e o medo de mudar.

Além do sangue quente, que jorrou dos pulsos da bela mulher de 28 anos que resolveu que cortar os pulsos seria a coisa certa a se fazer.














- Mamãe, onde estão os alvejantes, para tirar esta sujeira? Mamãe, me responda...não consigo limpar o que você fez.














E jamais conseguiria.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

"Fileira" do amor


Your love’s like cocaine.

Dopamina pra dopar a mina.

A droga do prazer. E do amor.


Algumas pessoas te tocam o corpo. Outras a alma.

Algumas conseguem a façanha de cativar corpo e mente:



- Penso em você todos os dias.

- É um dos efeitos. Você excita a mente, e depois domina o corpo.

- Uma excitação geral do seu organismo. Melhoro seu estado de alerta, os movimentos, acelere seus pensamentos, tiro seu sono e a única fome que você vai ter é a de me amar.



O apaixonado tem uma sensação de poder, força e euforia.

Mas a pessoa fica também irrequieta, tremula e impaciente.

A duração destes efeitos depende da via de administração da droga. Quanto mais rápida a absorção, mais intensa é a sensação de prazer.


Por outro lado, quanto mais rápida a absorção, menor é a duração dos efeitos. Além da sensação de prazer, a droga leva a temporária perda do apetite e do sono, torna a pessoa mais comunicativa (claro você vai falar dele todos os dias).


O uso crônico e compulsivo da cocaína do amor leva a conseqüências psicológicas, representadas por distúrbios psiquiátricos.

Depressão, ansiedade, irritabilidade, distúrbios do humor e paranóia (onde e com quem ele está?) são as queixas mais comuns das fêmeas apaixonadas. Entre outros problemas estão agressividade, delírios (principalmente os delírios persecutórios, onde a pessoa acredita que os outros estão tramando contra ela ou falando mal: “foi a sua mãe né? Que andou fazendo a sua cabeça contra mim”) e alucinações (“pensa que eu não vi você olhando para aquela outra?).





Quando a dependência se estabelece de forma significativa há perda do interesse por tudo que não estabeleça relação com uso da droga.

O usuário vive para usar a droga.

O apaixonado vive para amar.

E telefonar o dia todo, mesmo que seja pra perguntar o que o ser amado almoçou.














If you wanna hang out you've got to take her out; cocaine.

If you wanna get down, down on the ground; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine.

If you got bad news, you wanna kick them blues; cocaine.

When your day is done and you wanna run; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine.


If your thing is gone and you wanna ride on; cocaine.

Don't forget this fact, you can't get it back; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine.

She don't lie, she don't lie, she don't lie; cocaine!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Prisão ...


De todas as formas de temer algo na vida, o medo de perder quem se ama é um dos mais inexplicáveis.

Amar por si só já é algo fora da compreensão, a ciência não pode explicar, computar os dados, e a teologia, ou "aquele alguém que nós não mencionamos" tampouco.


Vai além.

É como a teoria da evolução.

O que é aceitável, o que se pode explicar ou medir? Ou pior: entender?


Fato é que evoluímos no modo de perguntar demais e aceitar de menos.

Nisso jamais evoluíremos o suficiente.

Sempre sobrará espaço para uma dúvida aqui, uma pergunta lá. Mas a necessidade de tentar compreender é involuntária.


Deixar-se levar e apenas sentir, aí sim: é opcional.


E sem perceber, perder à nós mesmos, é tudo o que queremos.

Ter aquilo que nós dá mais medo de ter, viver aquilo que é mais complicado...

Mas que compensa mais do que qualquer coisa.


Ao inferno com isso.

O medo não é de amar. É de perder o amor.

Sem amor, se vive, inconscientemente, mas vive.


Talvez você não veja tantas cores, ou as músicas não lhe façam tanto sentido.

Mas é quase como se habituar a viver no escuro: o hábito não lhe dá necessidade de luz.


Perder um amor, você não mais vive.

Sobrevive.

Vê mais cores, e as músicas lhe fazem mais sentido.

Mas as mesmas estão sem brilho ou arranhadas.

E você se habitua também ao escuro: mas a necessidade de luz sempre está ali. Enfim. O medo nunca foi de amar. É de perder. Aquilo que faz tão bem, aquela certeza que te faz desconfiar se o seu juízo está mesmo perfeito.


Por isso nos pegamos olhando a outra pessoa, tentando descobrir o que ela fez para mexer tanto conosco.

Teria sido feitiçaria?

Macumba?

Reza braba?

Ou vai ver, foi apenas aquele olhar que ela tem, quando muda a expressão de repente.


E vai do amor à sacanagem.

E todos os muitos "olhares que só fulano ou fulana tem".


- Você tem 4 tipos diferentes de olhares.

- Quais?

- Um quando está entre os amigos, rindo. Outro quando parece uma criança cheia de manha. Mais um quando fica sério, e por último, aquele de que mais gosto.

- Que é...

- O que você dá quando olha para mim.















E nunca tive medo de amar.

É o de perder aquilo que mais prezo:






"Amar você".














Though your world is changing...I will be the same: slave to love.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Far Away...


- Às vezes você está tão longe de mim.

- E você nem deveria perguntar onde estou, pois de qualquer maneira, estou ao seu lado.

- Por quanto tempo?

- Pelo tempo que você deixar. Ou pelo tempo que for necessário.

- Não sei se consigo viver assim.

- Apenas entenda: me amar, é nunca saber o que esperar de mim.












Nada além da totalidade.














Um mundo particular.

Que era só dela.

Ninguém ali entrava, muito menos saía.













Viver assim é solitário, mas reconfortante em certos pontos.













Sempre tinha para onde fugir.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Ao longo da nossa vida...


Ao longo da nossa vida, muitas perguntas surgem e ficam sem respostas.

Acho que a mais comum (e mais impossível de ser respondida) é:


"O que é o amor?"

Já ouvi muitas definições sobre isso. Amigos, desconhecidos, especialistas (aqueles analistas que lançam livros sobre relacionamentos, enquanto o próprio casamento deles desaba) músicos, cientistas e suas pesquisas, sua mãe já deve ter tentado definir, sua vizinha, sua avó que ficou casada durante 50 anos, seu primo garanhão, sua tia neurótica...Até mesmo seu cachorro medroso. Todos já tentaram. E falharam. Fato isso. Partindo do princípio de que algo "supostamente" imensurável não possa ser definido, o que temos são meras colocações ou teorias, filosofias de banheiro.


"Amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas..."

"Amar é renunciar..."


Logo, generalizamos e todos seríamos trouxas e conformados em renunciar ao objeto de adoração.

Rotularíamos tudo e apostaríamos que somente vamos nos envolver com a "pessoa perfeita", em busca da "vida perfeita", dos "filhos perfeitos", da "velhice perfeita" e até mesmo quem sabe começariam as buscas pela "sogra perfeita" (contanto que esta não morasse com você, não aparecesse sempre e não se chamasse Esperança). Perfeição há muito tempo provou ser uma instituição furada, uma regra falha. Quando envolvemos pessoas e sentimentos, não há perfeição ou regras. Existem apenas desejos simples ou complexos. Milhares de músicas falam disso, é o assunto de todas as revistas femininas, das conversas masculinas (intercaladas de sexo e futebol) de anseios juvenis.


Amor não morre.

É apenas modificado. Por isso existem macumbeiras, pra quando o amor se tornar despeito. Existem os venenos, pra quando o amor se tornar loucura suicida.

Existem as terapias em grupo, quando o amor se torna paranóia.

As amigas, pra quando o amor virar choradeira incessante na hora do intervalo.

Os chat's, quando o amor vira desabafo para desconhecidos.

As confissões para o amor penitencioso.

Existe até mesmo o ódio para o amor adoentado.


E above all the things, existem pessoas que jogam a culpa no amor, na simples palavra

A-M-O-R. Quando não percebem que tudo se reflete nelas mesmas, nas ações, nas falhas, nas cartas que você escreve e nunca envia. No término de um namoro. E no simples fato do aprendizado de que tudo é válido, nada é por acaso e que lembranças são extensões de momentos que não podem durar para sempre. Se você é dominado ou se domina, não importa.



Apenas precisa-se SENTIR. Tudo na vida é opcional. Até mesmo o sofrimento.

E optar por sentir e viver oq há pra viver (frase feita, uh?) é a mais simples e complicada das teorias.














Mas...é só uma teoria.














E amor é só abstração de frases feitas.

domingo, 24 de agosto de 2008

A pior mentira...


...É aquela que você conta para você mesmo.

Ou que fala para agradar à outro. Por isso temos, relacionamentos que não duram um mês, amizades que se acabam ao longo do tempo, famílias que se brigam e não se falam por anos.


E insônia de noite, por saber que mentiu.

Eu te amo, como se fosse bom dia.

Juras como se fossem impostos de renda, que você declara.

Promessas que são como dívidas, que primeiro você faz e depois pensa em como pagar.

Ao menos uma única vez, gostaria de pensar que o que falo é real, e o que ouço é verdadeiro.



Mas quando você já mentiu e ouviu mentiras por tantas vezes, perde a capacidade de julgar o que realmente é de verdade. Acredita nas suas próprias mentiras e é isso que transmite à sua volta. Com isso, criamos a ilusão de que tal coisa é real. Virou teia de aranha, um manto de remendos, e mentiras costuradas com nós cegos. E você realmente crê que é vítima quando tudo é desmascarado? Quando a teia se desfaz, e os nós são desatados, sobrou só você, vendo o amor desmoronar, as amizades sumirem e o tempo ficar vazio.


Porque falou por falar, mesmo que apenas com a intenção de retribuir ao que lhe foi dito, mas não era verídico, e assim como o inferno está cheio de boas intenções, muitas pessoas também estão.


Os fofos de plantão. Se encantam em 5 minutos, amam todo mundo, querem todo mundo, mas não sabem amar à um só.

E algo real que é bom, é mais difícil de encontrar que agulha em palheiro.

E somos como cegos em tiroteio.



E aquela casinha de sapé, na rua, na chuva ou na fazenda, é sonho cada vez mais distante.



Mas fique feliz: Café instantâneo também é feito em poucos minutos, e serve quando você está atrasado para o trabalho.


Tudo bem que não tem aquele sabor, mas parece café.

E somos assim. Felizes com a idéia de parecermos ser e sentir alguma coisa mas realmente ser é acessório opcional.

sábado, 23 de agosto de 2008

Desordem


Arrumando algumas coisas, jogando fora outras, de repente você encontra: A antiga caixa de fotos. Cheia de fotos. Muitas fotos.

E muitas lembranças. Logo hoje, que fazia um ano que você havia decidido que tudo o que sentia deveria permanecer naquela caixa.

Mas você também sabia que aquela súbita vontade de arrumar as coisas era uma desculpa inconsciente pra encontrar o que estava procurando desde o começo daquele dia, daquela data: sua caixa de Pandora particular. As fotos da viagem pra praia, do último Natal, do dia dos namorados. Aquelas que você tirou de surpresa dele quando ele estava distraído, as fotos tinham ficado desfocadas porque seu olhar de fotógrafa estava ocupado demais em fotografar o momento na sua mente, infelizmente as máquinas ainda não podiam fazer isso.


Mas você podia e fez isso muito bem.

Tiveram outros depois dele sim.

Mas de algum modo macabro era somente o rosto dele que você queria ver nas chamas da lareira, queimando e se distorcendo nas fotografias como fazia na sua memória.

Só não sabia ao certo ainda se queria mesmo o rosto dele nas chamas do fogo, ou deitado no seu travesseiro.


Cretino.

Sorriu consigo mesma, quando encontrou a foto em que estavam abraçados, em pleno inverno, seu nariz estava vermelho e as bochechas também. Céus, como estava horrível, mas como daria tudo pra voltar nesse dia, ficar com o cabelo despenteado de novo e saber que era feliz ali. Ali.


Naquela droga de abraço viciante. Acho que vou escrever pra você.

Páginas e páginas. Talvez desloque o pulso escrevendo.

E te mande a conta do médico depois. Mas o melhor de tudo será escrever e não te enviar. Vou até finalizar a carta da seguinte maneira:


“...ao ler essas mal traçadas linhas, onde quer que você esteja, e com quem quer que esteja trepando agora, espero que goze de plena saúde e que ao menos durante 30 segundos dessa sua vida ordinária você se lembre que foi comigo que você transou em cima do capô do carro do seu pai, e que mesmo naquela lata velha empoeirada, você era a melhor coisa, afinal, amei você seu bastardo charmoso.”




Pronto.

Iria escrever. Colocar no envelope, selar, e...












Por pra queimar junto com as fotografias.

Ótimo.

Que droga.



Deveria viajar até Bora-Bora e passar um mês lá.

Ou quem sabe uma panela de brigadeiro.

Ou um tiro de auto piedade.




Seria a melhor opção mesmo.














Chame-me de querida.














Não sou sua querida.

domingo, 17 de agosto de 2008

A natureza do meu jogo...


É uma forma de auto defesa.

Sobrevivência.

É magoar para não ser magoada. Ferir para não ser ferida.


Arranhar primeiro, antes de sair totalmente desfigurada dessa briga de gatos. Ao menos, costumava ser assim. Até encontrar alguém que, como ela, gostava de jogar.

E o pior: sabia fazer isso muito bem. Encontrava os pontos fracos, brincava com eles.

Mascarava tudo.

Um lobo em pele de cordeiro.


Criava incógnitas e dúvidas. E como ela gostava disso.

Dos jogos de palavras, das provocações não declaradas, confusões mentais, tudo misturado em beijos molhados, mordidas e sacanagens.


Estavam perdidos.

Ou encontrados.

Impossível prever.


No fundo, queria torturar esse lobo.

Muito.


Até que ele admitisse que a verdadeira jogadora era ela.

Mas ela queria ser torturada, ficar agoniada.


A única coisa que ele esqueceu de prever, foi a diferença existente entre eles: Ela era mentirosa, e iria olhar nos olhos dele, e mentir descaradamente.


Esperava que ele fizesse o mesmo. Para o bem dele. Isso, é claro, se ele não estivesse com a mente confusa e atrapalhada demais, para não esquecer a única certeza que tinha sobre ela:



Era somente um jogo.














E era ela quem sempre vencia.














Mesmo que jogasse sujo, sempre vencia.